Oposição aposta em Temer e Dilma amarga derrotas

Bruno Porto e Janaína Oliveira - Hoje em Dia
09/12/2015 às 06:59.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:15
 (Dida Sampaio)

(Dida Sampaio)

A presidente Dilma Rousseff (PT) tem um saldo de duas derrotas para tentar reverter: o tido como certo rompimento com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e a formatação da Comissão Especial que dará parecer sobre o impeachment. Foi o primeiro ato em plenário no processo de impedimento. E a presidente perdeu. A oposição conseguiu formatar uma chapa avulsa que foi acolhida pelos colegas. A votação foi um termômetro que mostrou o clima para futuras decisões. O parecer que será emitido pela Comissão, por exemplo, será também votado em plenário.

A derrota na Câmara foi antecedida pela carta enviada pelo vice-presidente Michel Temer à presidente. Interpretada como um aviso de rompimento, a carta foi vista com ressalva por lideranças do partido dele, mas a oposição aposta em influência do cacique não apenas na legenda que preside como também em partidos aliados ao governo.

Para o presidente do PSDB de Minas, deputado federal Domingos Sávio, a carta funcionará como um sinal verde para que os parlamentares que ainda estavam indecisos se posicionem abertamente contra o governo. Dos 513 deputados, ao menos 280 ainda não se decidiram, conforme informou o Hoje em Dia na última sexta-feira.

“A carta deixa claro que o vice-presidente da República resolveu romper com esse ambiente de mentira. Por compromisso com o país, ele teve um gesto de tolerância durante anos. Mas agora o pote transbordou. Temer mesmo citou a desconfiança que a presidente sempre teve em relação a ele e ao PMDB”, disse.

Segundo Sávio, o posicionamento de Temer vai empurrar alguns deputados que hoje estão em cima do muro. Alguns parlamentares que integram partidos sem posição formada ainda não consolidaram posição sobre a influência de Temer. Ex-PT, o deputado Welinton Prado, hoje no Partido da Mulher Brasileira (PMB), informou que permanece com opinião indefinida.

Colega de legenda de Prado, o deputado Marcelo Álvaro Antônio também disse que é preciso analisar a questão com mais calma e que a carta de Temer não é relevante para a tomada de sua decisão.

O deputado federal Fábio Ramalho, do mesmo partido, também não manifesta como votará. Ele, porém, mostra solidariedade ao vice-presidente. “É uma carta sincera, onde ele só falou verdades. Preciso analisar tudo para depois definir meu voto”, afirmou.

Governistas

O Palácio do Planalto tentou minimizar a carta. O líder do PT no Senado, Humberto Costa, disse que a carta é um desabafo. “Vejo como um desabafo pessoal. Questões que estão ali colocadas que estão muito mais dentro dessa esfera do relacionamento pessoal do que do relacionamento político. Michel Temer é alguém que desempenha papel importante no nosso governo, na articulação política”, afirmou.

O Planalto enviou o ministro da Casa Civil Jaques Wagner para tentar marcar um encontro entre Dilma e Temer. O ministro entrou em contato com a equipe do vice. O advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, conversou com Temer na madrugada de ontem. O teor do encontro não foi revelado.

Análise

“Os primeiros desdobramentos não indicaram que as lideranças partidárias seguirão Temer. Foi um movimento mal articulado, em tom inadequado, e que tem ainda o risco de fortalecer o governo caso não ocorra uma debandada peemedebista do governo para o entorno do vice-presidente”, afirmou o cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Figueira.

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