RIO DE JANEIRO - Ateu, Oscar Niemeyer foi homenageado por um ato ecumênico nesta sexta-feira (7), antes de seu enterro, no Rio de Janeiro. A celebração durou cerca de 30 minutos, no Palácio da Cidade, sede da administração municipal, e foi comandada pelos padres Osmar Raposo e Jorjão, pelo rabino Newton Bonder e pelo pastor luterano Mozart Noronha. Cerca de 60 pessoas acompanharam a cerimônia. A família decidiu liberar a participação das pessoas que ainda se encontravam no Palácio da Cidade depois que os portões foram fechados ao público. A cerimônia começou às 16h30, e os religiosos se revezaram no uso da palavra. O momento de maior emoção foi quando o pastor luterano pediu que os presentes dessem as mãos e cantassem a música "Suíte de Pescador", do compositor baiano Dorival Caymmi. "Minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar, meu bem querer. Se Deus do céu quando eu voltar do mar, um peixe bom eu vou trazer. Meus companheiros também vão voltar e a Deus do céu vamos agradecer", cantaram em coro os presentes. Houve uma salva de palmas, que se repetiria apenas no momento da saída do caixão. O pastor enalteceu ainda o carisma do arquiteto que, mesmo ateu, reuniu tão diferentes correntes religiosas em seu velório. "Pela primeira vez no Rio, dois padres, um pastor e um rabino celebraram um ato ecumênico pela alma de um ateu comunista. A fé, de fato, move montanhas", disse o luterano. A imprensa ficou distante da celebração, prejudicando a compreensão de tudo que foi dito. Foram realizados cânticos católicos e em hebraico. O padre Jorjão enalteceu a beleza da catedral de Brasília e o rabino Bonder disse que as obras do arquiteto ficarão para a eternidade. Na saída do caixão para o cemitério, um grupo de pessoas cantou um trecho do hino internacional comunista e fez uma última chamada ao arquiteto. "Oscar Niemeyer? Presente", gritaram acompanhado de aplausos. O caixão do arquiteto foi levado para o cemitério São João Batista, em Botafogo, onde será enterrado no mausoléu da família.