
Os comerciantes de Belo Horizonte estão mais otimistas com a economia nacional. O Indicador de Confiança do Empresário (ICE), elaborado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), atingiu 71,3 pontos no terceiro trimestre deste ano. É o melhor resultado da série histórica, iniciada em 2016.
No trimestre anterior, o resultado foi de 69,6 pontos. A tendência, acredita o presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, é de novos aumentos nas próximas edições da pesquisa.
“A cada trimestre estamos acompanhando uma melhora do cenário econômico. Fatores como o avanço da aprovação da Reforma da Previdência, atrelada à Lei da Liberdade Econômica, estão favorecendo o ambiente de negócios do país. Além disso, a liberação pelo governo federal dos saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do PIS/Pasep, que elevam a renda em circulação, ajudaram a aumentar a confiança dos empresários”, disse o presidente da entidade.
A expectativa pela Reforma Tributária é outro fator que deverá influenciar a opinião dos comerciantes nos próximos estudos. Da mesma forma, a abertura de empregos temporários para as festas de fim de ano.
A linha entre o otimismo e o pessimismo no indicador da CDL é marca de 50 pontos. Acima, a economia vai bem. Abaixo, mal.
O ICE também leva em conta a opinião dos comerciantes pelo porte da empresa. No grupo das médias e grandes (aquelas que reúnem mais de 50 empregados), a pontuação foi de 72,5 pontos.
Na outra ponta, a confiança dos microempresários (até nove colaboradores) foi de 71 pontos, indicador maior que o do grupo d os pequenos empresários (de 10 a 49 funcionários): 69,5.
A CDL também quis saber dos lojistas a expectativa geral sobre o cenário econômico para os próximos seis meses. Neste caso, o resultado foi de 84,9 pontos.
“Mesmo que em um ritmo ainda moderado, a recuperação da economia já se consolidou.E esse resultado mostra que os empresários da capital estão mais confiantes com a economia do país e com a possibilidade de uma melhora em sua situação financeira. A expectativa é de avanço nos próximos meses, principalmente devido à aprovação da reforma da Previdência e da tendência de novas reduções da taxa básica de juros e da inflação, o que favorece o crédito e o consumo”, analisou.
Dívidas das empresas começam a registrar queda
O aumento da confiança dos comerciantes em Belo Horizonte na economia doméstica ajuda a explicar um resultado inédito em outro indicador da CDL-BH. Pela primeira vez desde a série histórica, iniciada em 2011, o Indicador de Dívidas em Atraso de Pessoas Jurídicas junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) registrou queda na comparação entre um mês e o mesmo intervalo do ano anterior.
Neste caso, o indicador recuou 0,16% no confronto entre setembro de 2019 e o de 2018.
“A economia brasileira vem se recuperando de forma gradual, assim como as empresas, que, aos poucos, vão conseguindo organizar suas finanças, aumentar sua capacidade de pagamento e reduzir o número de débitos em atraso”, explicou Marcelo de Sousa e Silva, presidente da entidade.
Além da queda anual, também ocorreu o recuo mensal. Na comparação entre agosto e setembro de 2019, a queda foi de 1,08%.
É a maior retração mensal em 2019 e o terceiro recuo consecutivo quando levado em conta a comparação de um mês para o outro neste exercício, o que ajuda a explicar a inédita queda no confronto anual (setembro deste ano em relação ao mesmo mês de 2018).
De junho para julho, por exemplo, caiu 0,67%. De julho para agosto, 0,37%.
Apesar dos bons resultados, os lojistas ainda não recuperaram as perdas desde 2015 registradaspela crise. “A economia nacional ainda não conseguiu apresentar o crescimento necessário para recuperar todas as perdas dos últimos três anos e permitir que os empreendimentos consigam quitar todos os seus débitos. Mas já estamos em um ambiente econômico melhor”, disse.