Pássaros que viajaram com 'mochilas' estão de volta a São Paulo

Estadão Conteúdo
12/09/2019 às 13:25.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:31
 (Unesp Rio Claro)

(Unesp Rio Claro)

Os pássaros que partiram de São Paulo, em junho deste ano, com "mochilas" minúsculas atadas às costas estão voltando para casa. As "mochilinhas", que pesam um grama e levam um GPS do tamanho de uma moeda, fazem parte de um estudo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no câmpus de Rio Claro, para entender a migração dessas aves.

Foram marcados com anilhas 54 bem-te-vis rajados e, destes, quatro estão com as mochilas. É preciso recuperar os equipamentos para saber para qual região esses pássaros voaram e onde ficaram nesses três meses longe de casa. Entre os anilhados pode estar o pássaro com a mochila.

Para isso, a pesquisadora Karlla Barbosa, do Instituto de Biociências da Unesp, lançou um apelo. Sob um cartaz de "Procura-se" com a foto do pássaro, ela pede a quem avistar um bem-te-vi rajado com anilhas coloridas em parques da capital e das cidades paulistas de Rio Claro, Marília, Jundiaí e Guararema, que envie uma mensagem pelo site da pesquisa.

"Precisamos encontrá-los para saber mais sobre esse comportamento fascinante que é a migração das aves. Tem um no câmpus da Unesp (Rio Claro) e os demais em São Paulo, sendo um no Horto (Florestal, na zona norte), um no Parque do Carmo (zona leste) e um no Parque do Piqueri (também na zona leste)", disse.

Segundo ela, desde o início de setembro houve registros esparsos da chegada de bem-te-vis rajados (Myiodynastes maculatus solitarius) ao Sudeste brasileiro, incluindo São Paulo.

"Sabemos que essas aves sempre voltam ao local de onde saíram e em breve todas elas estarão por aqui para se reproduzirem. O bem-te-vi rajado faz ninho em cavidades de árvores, cria os filhotes, espera que eles estejam voando e vão embora para as regiões Norte e Nordeste do País, lá pelo final de março."

As informações contidas no aparelhinho levado pelas aves, preso ao dorso por um fio de silicone, vão indicar as distâncias que voaram e onde exatamente elas estiveram. Conforme a pesquisadora, os dados podem orientar ações visando à preservação da espécie.

Além do bem-te-vi rajado, fazem parte do estudo a tesourinha, o suiriri e a peitica, escolhidos pela larga distribuição geográfica e por migrarem dentro do continente, além de serem pássaros conhecidas do público, o que facilita a participação.

"Agora é só ficar de olho nas árvores. Vamos usar uma redinha delicada e um falso bem-te-vi rajado que imita a voz e atrai o verdadeiro para capturar o pássaro sem muito estresse", disse Karlla.

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