Páscoa da quarentena: tradição dos ovos se adapta a pandemia para limitar queda nas vendas

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br
10/04/2020 às 20:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:15
 ( Lucas Prates)

( Lucas Prates)

Se os tempos são de isolamento social, preocupação com a pandemia do novo coronavírus e as perspectivas econômicas, que ao menos tragam um momento mais doce. As indicações (ou determinações) para que as pessoas saiam de casa o mínimo possível; os vários negócios com as portas fechadas e as questões mais imediatas deixaram em segundo plano a tradição dos ovos de Páscoa. Mas quem trabalha com o setor e investiu num cenário bem diferente do enfrentado atualmente faz de tudo para que a data não passe em branco. E não se confirme a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que estima queda nacional de 31,6% nas vendas em relação a 2019. Opções e formas de driblar as limitações do isolamento social são variadas.

Vale fazer promoção, turbinar o sistema de entregas e apostar até mesmo que, embora o costume tenha nascido como consequência da celebração cristã, desta vez não se encerre no domingo do calendário. E se mantenha no momento em que as pessoas possam voltar a se encontar e presentear, com um significado ainda mais amplo de renascimento e retomada. No Instagram, vários fabricantes artesanais resolveram apostar na hashtag #pascoaatejunho, justamente para que a tradição seja mantida nesse novo contexto.

Entusiasta da arte do chocolate artesanal e criadora de delícias há 15 anos, a jornalista Talita Lacerda teve de se adaptar ao cenário da pandemia. Ela estima que produziu 30% do volume habitual para o período, diante de uma série de complicadores, que incluem uma logística de distribuição. E com os ingredientes estocados, já aposta nas próximas datas que costumam ser sinônimo do derivado do cacau para recuperar o faturamento habitual.

Apelo
“Eu me preparei como normalmente, comprei o material há mais tempo mas, diante do que aconteceu, cheguei a pensar em nem fabricar, nem fiz divulgação como de costume. Como muitos clientes pediram, eu resolvi manter um cardápio mais enxuto, e o retorno até surpreendeu. Sempre trabalhei muito com lembrancinhas para as empresas, ou para que as crianças presenteiem as professoras, por exemplo, mas isso não se aplicaria agora. Também não pude contar com ajuda de mais gente, como normalmente acontece. Mas o mais bacana é que já tenho encomendas para as próximas semanas, e gente que me pediu ovos ‘para quando isso tudo passar’. Além disso, também faço bolos, tortas e outros doces e acredito que no Dia das Mães e no dos Namorados o movimento será interessante. Chocolate não é só o alimento, tem todo um componente de afeto e carinho que as pessoas certamente vão querer valorizar, especialmente quando puderem se encontrar novamente”, prevê .
 

Aplicativos de entrega são boa opção de última hora

As restrições de deslocamento e abertura de lojas também pesam para os fabricantes maiores que, ao menos, contam com a possibilidade de oferecer os ovos de Páscoa em supermercados e drugstores, que seguem abertos por se tratar de atividades essenciais. Algo insuficiente, no entanto, para sequer se aproximar das perspectivas de vendas habituais. Por isso, não só foi necessário ajustar a produção, como também apostar no delivery, nos descontos e em formas alternativas de valorizar a data.

A Lacta, do grupo Mondelez, se associou à Americanas e ao Uber Eats para, por meio do aplicativo de entregas, satisfazer o desejo do consumidor. Em Belo Horizonte e outros 140 municípios do país, as compras em valores superiores a R$ 50 contam com entrega gratuita. Já a Cacau Show se associou ao iFood para entregas nas capitais - sem poder abrir suas unidades em Belo Horizonte, a fabricante aposta no acesso virtual às lojas, por meio de telefone e whatsapp - os números estão disponíveis no https://lojavirtual.cacaushow.com.br/. Diante do cenário, a empresa suspendeu sua produção no dia 23.

Com duas lojas em BH, a suíça Lindt aplicou desconto de 33% em todos os ovos e faz a venda pelo Rappi. A plataforma também é usada para as vendas da Brasil Cacau, que ainda disponibiliza sua linha pelo iFood e oferece as opções de ovos em seu site (www.chocolatesbrasilcacau.com.br) com possibilidade de delivery.
 

  

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