Pandemia faz setor de turismo perder R$ 5 bi e demitir 70 mil em Minas

Marciano Menezes
mmenezes@hojeemdia.com.br
03/07/2020 às 18:42.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:56

A pandemia de Covid-19 deixou praticamente estagnado o setor de turismo em Minas, que já registra prejuízos de R$ 5 bilhões, segundo a Subsecretaria de Estado de Turismo. A taxa de ocupação nos hotéis está hoje em 16%, e o corte de pessoal, incluindo toda a cadeia, inclusive de negócios e eventos, é estimado em mais de 70 mil trabalhadores, sendo 40 mil no setor de bares e restaurantes e 30 mil na rede hoteleira. No fechado Expominas, por exemplo – onde foi montado um hospital de campanha estadual ainda não inaugurado –, só a Expocachaça, que aconteceria no próximo mês, deve deixar de girar mais de R$ 55 milhões em negócios.

“O setor literalmente parou. Deixaram de entrar no Estado R$ 5 bilhões em função da paralisação que tivemos no turismo. E isso impacta diretamente no turismo de negócios, especialmente na capital, que é uma das cidades que mais trabalha com essa temática, assim como Juiz de Fora, (Governador) Valadares e outras”, diz Marina Simião, subsecretária de Estado de Turismo, lembrando que, neste momento, a rede hoteleira, que deveria estar com taxa de ocupação de 45% a 50% , tem apenas 16% de uso. Além disso, segundo ela, o fluxo de passageiros nos aeroportos mineiros recuou 96% até agora.

Marina Simião lembrou ainda que, em abril, mês importante para Minas por causa das festividades religiosas, como a Semana Santa, eram aguardados 10 milhões de turistas, mas apenas 630 mil foram recebidos.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), dos 132 hotéis que estavam em funcionamento na capital antes de março, 52 paralisaram as atividades, sendo que 20 seguem sem previsão para reabrir. Ou seja, a cidade perdeu 32% da hospedagem e mais de 4.500 funcionários foram demitidos durante esse período. No Estado, a situação não é diferente: dos 3.971 estabelecimentos, 1.900 foram fechados (48%) e as demissões alcançam mais de 30 mil pessoas.

“Isso é uma catástrofe para o setor, porque não é isolado. Envolve também eventos, bares e restaurantes. Ou seja, em toda cadeia produtiva do turismo, refletindo principalmente nos hotéis”, enfatiza Guilherme Sanson, presidente da ABIH-MG. 

“Muitas empresas de viagens suspenderam totalmente as atividades. E as que estão funcionando, estão com reuniões virtuais, deixando de viajar até que a gente consiga estabelecer uma situação mais normal”, acrescenta ele.

Retomada
Apesar das dificuldades, a rede San Diego Hotéis, com nove unidades em Minas e outras quatro no interior de São Paulo, e que chegou a ter uma redução na taxa ocupação em torno de 70% a 90% , já começa a dar sinais de retomada. 

“Aos poucos, houve alguma recuperação e a queda atualmente está variando entre 50% e 65% em relação ao ano anterior. Ajustamos nossa estrutura de custos, otimizamos recursos, priorizamos o caixa e renegociamos com todos os fornecedores”, conta Flávia Araújo, diretora de Operações da rede. Ela lembra também que a queda no faturamento atingiu 75%, superior à de ocupação por causa do espaço para eventos que possui nos hotéis.

SAIBA MAIS

O presidente do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau, Jair de Aguiar Neto, afirma que, no turismo de negócios, 75% das empresas perderam 100% das receitas. “Nosso setor realmente foi muito impactado pela pandemia, nas mais diversas áreas, como eventos culturais e corporativos, festas e entretenimento”, diz, lembrando que a participação do turismo no PIB nacional é de R$ 936 bi. 

Ele conta que um grupo do setor de eventos, com 250 empresas e 19 entidades, desenvolveu o projeto “Movimenta-se” para pensar no retorno das atividades. “Esse grupo desenvolveu uma cartilha de segurança e estamos aguardando a chancela pelos órgãos de saúde do Estado para darmos início à retomada”.

A subsecretária Marina Simião ressalta que está sendo elaborado um plano com o mesmo objetivo, pautado nos protocolos da Secretaria de Saúde e no programa Minas Consciente. Ela aposta no que se chama de “turismo de proximidade”, com as pessoas fazendo rotas de até 150 quilômetros, em viagens curtas de ônibus ou carro.

“Todas as unidades da rede San Diego estão funcionando normalmente e prontas para atender às demandas. Inclusive, obtivemos o Selo do Ministério do Turismo e implantamos todos os protocolos de segurança previstos”Flávia AraújoDiretora de Operações da Rede San Diego
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