Passageiros em risco: ataques a ônibus na Grande BH podem impactar ainda mais o serviço na pandemia

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.b
15/09/2020 às 21:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:33
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Os ataques a ônibus registrados nos últimos dias na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) podem impactar na oferta do serviço em meio à pandemia de Covid-19. Pelo menos quatro coletivos foram incendiados por criminosos desde a última quarta-feira. O rombo nas empresas é de cerca de R$ 1,6 milhão, mas os usuários também sofrem prejuízos e riscos. 

De acordo com a BHTrans, “um veículo a menos em uma determinada linha pode resultar em menos viagens e implicar no aumento da ocupação de passageiros”. 
Vale lembrar que várias reclamações de coletivos lotados vêm sendo registradas desde março, inclusive depois que o fechamento do comércio resultou na redução do quadro de horários. Os ônibus, conforme pesquisas, são um dos ambientes mais propícios para a contaminação pelo novo coronavírus.

Ontem, a reportagem do Hoje em Dia esteve na Estação São Gabriel, região Nordeste da capital, que está operando até as 20h por conta dos ataques. <COLINK>Duas das quatro ocorrências foram registradas nos bairros Jardim Vitória e São Gabriel, envolvendo ônibus que saíram da plataforma. 
Com medo, passageiros não quiseram comentar o assunto. “Nem estou sabendo”, disse um usuário que não se identificou.

“Apesar de não ser da região dos ataques, trabalho em Venda Nova e por aqui já tivemos casos em outras épocas. Geralmente os bandidos falam para descermos e depois ateiam fogo. Mas nunca se sabe o que eles podem fazer com a gente”, disse um motorista, de 39 anos, que pediu para não ser identificado.

Contra-ataque
As forças de segurança acreditam que os responsáveis pelos incêndios estão perto de serem capturados. Uma <COLINK>operação foi deflagrada</CO> ontem e deve durar sete dias, podendo ser prorrogada.

O mandante, conforme o major Rafael Coura Cavalcante, chefe da Comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), seria um preso da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH.

O homem estaria dando ordens para os ataques por estar insatisfeito com a administração da unidade. Ainda segundo o militar, os executores seriam adolescentes.
Especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori diz ser fundamental que os criminosos sejam identificados, presos e devidamente punidos. “Botar fogo em ônibus virou modismo em todo o país quando um detento quer reivindicar algo, mas que não tem efeito nenhum. As autoridades devem investigar para que essas pessoas tenham, inclusive, o agravamento da pena, pois estão cometendo novo crime”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou trabalhar em conjunto com outros órgãos na apuração dos casos. “E espera, em breve, finalizar as apurações de identificação dos autores e mandantes destes crimes, que serão punidos com o rigor da lei”.

Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Civil garantiu já ter instaurado todos os procedimentos relacionados aos ataques.

 ALÉM DISSO:

Presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo de Belo Horizonte (AUTC), Francisco de Assis Maciel defende a instalação de câmeras nos ônibus que, de fato, identifiquem os criminosos e até coibam os delitos. 

Hoje, conforme o sindicato das empresas que operam o sistema na capital, o Setra-BH, todos os veículos contam com os equipamentos. Porém, os aparelhos operam offline e, com a queima do coletivo, perde-se também as gravações.

Sobre a reposição do ônibus queimado, que custa em torno de R$ 400 mil, Francisco de Assis afirma que a medida é possível, uma vez que as concessionárias têm os veículos reservas. “Na época de clássicos do futebol, por exemplo, eram dezenas quebrados por conta de brigas entre torcidas organizadas, e na segunda-feira não tinha esse problema. Colocavam outros para rodar no lugar”.

“As empresas que têm reserva, como foi o caso recente, já o colocam no dia seguinte sem alteração no número de viagens. O detalhe é que têm empresas com o limite de sua frota. Se perderem um veículo, ele não será reposto. A dificuldade é que leva em média seis meses (pedido até entrega) para um ônibus novo voltar a rodar”, disse o Setra-BH. 

  

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