Perigo nas rodovias mineiras: o motorista paga a conta

Do Hoje em Dia
05/07/2012 às 06:22.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:19

Mais uma mobilização de funcionários federais, desta vez de patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal, que começaram a espalhar faixas nas estradas, alertando: “PRF abandonada. Você paga a conta”. O quadro delineado pelos entrevistados nesta semana pelo Hoje em Dia mostra como é precária a situação dos usuários das rodovias, em termos de segurança, num país que fez opção preferencial pelos caminhões para transportar sua produção.

Minas Gerais tem a maior malha rodoviária federal do país, com 6.500 quilômetros, mas conta com um efetivo de apenas 700 patrulheiros, o que significa um fiscal para cada nove quilômetros, se todos eles estivessem patrulhando as estradas e distribuídos uniformemente. Mas não é o que ocorre. Mais de 14% dos patrulheiros estão lotados no setor administrativo, cuidando de tarefas burocráticas.

Sabendo dessa escassez de patrulheiros e de fiscalização, os caminhões trafegam com excesso de peso, pois o ganho em faturamento é muito superior ao valor de uma eventual multa, se tiverem o azar de serem apanhados por um fiscal. Sem contar que a maioria das balanças fica desativada, por problemas técnicos ou de pessoal. É por isso, além de uso inadequado de materiais na obra de duplicação da estrada que liga Betim a Nova Serrana, recentemente concluída, apresenta trechos com remendos. Sem estes, a rodovia já estaria esburacada.

Quando ocorre um acidente, e eles são frequentes, patrulheiros têm que percorrer distâncias que chegam a uma centena de quilômetros para socorrer as vítimas e registrar a ocorrência. E quando deixam o posto para executar o serviço, o local fica fechado por várias horas. Caminhões com excesso de peso passam pelo posto sem serem incomodados e, mais à frente, podem provocar uma tragédia, como a que ocorreu há um mês na avenida Nossa Senhora do Carmo, em Belo Horizonte.

Os patrulheiros também fiscalizam cargas ilegais, como o tráfico de drogas, e combatem bandidos perigosos e mais bem armados que eles. Enfrentam nesse trabalho grande risco, pois até os coletes à prova de bala que usam têm validade vencida, de acordo com a Federação dos Policiais Federais.

O número de patrulheiros federais em todo o país, responsáveis por fiscalizar 70 mil quilômetros de rodovias, soma pouco mais de 9 mil, dos quais 2.700 encarregados de serviços burocráticos. Não há uma solução à vista.

Realidades como essa deixam bem evidente que a crise no Brasil não é nenhuma marolinha.

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