Perrella, ex-dirigente do Cruzeiro, tem negócios vasculhados pelo MP

Ezequiel Fagundes, Amália Goulart e Humberto Santos - Do Hoje em Dia
27/06/2012 às 07:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:07
 (Amadeu Barbosa)

(Amadeu Barbosa)

O império montado pela família Perrella começou a ruir. Depois que o Hoje em Dia mostrou, com exclusividade, os tentáculos e negócios escusos de Alvimar de Oliveira Costa, conhecido como ‘Alvimar Perrella’, e Gilmar de Oliveira Costa, irmãos do senador Zezé Perrella (PDT), o Ministério Público Estadual (MP) desmontou um suposto esquema de fraude em licitações articulado pela “organização criminosa”.

Alvimar e Zezé são ex-presidentes do Cruzeiro e o atual vice-presidente do clube, José Maria Fialho, também estaria envolvido. A operação ‘Laranja com pequi’ culminou em 35 mandados de busca e apreensão e dez de prisão, sendo oito cumpridos.

A mistura de prestígio no futebol e na política teria lesado os cofres públicos, segundo o MP, em cerca de R$ 55 milhões, se consideradas apenas as operações da empresa Stillus Alimentação. Ela pertence, oficialmente, a Alvimar e mantém mais de 20 contratos com Estado e prefeituras de Minas, somando R$ 166 milhões.

A firma foi alvo da ação do MPE. Foram detectados indícios de direcionamento de licitação e superfaturamento por parte da Stillus no fornecimento de produtos para presídios mineiros e para a Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas, centro das investigações.

Alvimar, apontado pelo MPE como chefe da organização, e Bruno Vidott, ex-assistente de pregoeiro da Secretaria Estadual de Defesa Social, pagariam propina a diretores de presídios e outros servidores para vencer as licitações.


 

Investigações apontam envolvimento de membros da Prefeitura de Montes Claros (Foto: Dione Afonso)

 

Isso seria feito graças ao prestígio dos Perrella. “O relacionamento que eles mantêm no plano esportivo, relacionado aos cargos de direção que ocupam junto a determinado time de futebol, serve também como facilitador das atividades criminosas”, diz trecho do relatório do MPE.

O poder político que detinham os investigados possibilitou-lhes, até o momento, a impunidade. “Ademais, na esfera das relações políticas, contam com eficiente ‘blindagem’ que lhes é proporcionada pelos agentes políticos aos quais estão intimamente relacionados, seja em razão do grau de parentesco seja em razão dos abundantes recursos de origem ilícita que lhe são destinados”, afirma o MPE.

Na operação, o MP descobriu que a Stillus, sob o comando de Alvimar, combinaria licitações com sete empresas e com funcionários públicos para que passasse a fornecer produtos para os presídios de Minas. O Hoje em Dia mostrou parte dos contratos na matéria intitulada “O senador de R$ 160 milhões”, publicada no ano passado.

De acordo com o promotor do Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, as investigações começaram quando um empresário, dono da Pizzaria Mangabeiras, denunciou fraude na licitação para aluguel de espaço na Cidade Administrativa. (Com Ezequiel Fagundes, enviado especial a Montes Claros).

Confira os áudios das gravações:









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