Ouro ajuda a diminuir efeitos colaterais de tratamento contra câncer, mostra pesquisa da UFMG

Anderson Rocha
20/11/2019 às 12:58.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:45
 (Reprodução/ Pixabay)

(Reprodução/ Pixabay)

As vantagens do ouro são inúmeras: ele é um material que não reage com outros elementos químicos (não oxida, por exemplo) e é bem tolerado se utilizado em tecidos biológicos. Por essas razões, tem sido aplicado, há séculos, em funções curativas e estéticas e, mais recentemente, em diagnósticos e tratamentos. 

Alvo de estudos de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o metal ganha mais uma possibilidade: melhorar o tratamento dos tumores cancerígenos de cabeça e pescoço, diminuindo efeitos colaterais adversos, sobretudo de natureza dermatológica. O avanço foi explicado em artigo publicado pelo Grupo de Pesquisa em Nanobiomedicina.

A pesquisa mostrou que o Cetuximabe, medicamento comercial já usado para combater esses tumores, pode ser associado, em concentração 25 vezes menor, a partículas esféricas de ouro de dimensões nanométricas (da ordem de um bilionésimo de metro), com o mesmo efeito ou até com resultados mais eficazes. Divulgação/ Foca Lisboa | UFMG / N/A

Lídia de Andrade, com o nanocomplexo: associação com a radioterapia

“Nossos estudos comprovaram que as nanopartículas de ouro se ligam efetivamente e não apenas ficam próximas à proteína (o anticorpo) que combate o tumor. Na concentração em que o remédio é usado hoje, há efeitos colaterais adversos, sobretudo de natureza dermatológica. Além disso, o medicamento não funciona para todos os tipos de tumores epiteliais, e alguns organismos apresentam resistências intrínsecas (originadas em mutações) ou adquiridas durante o próprio tratamento”, explica Lídia Maria de Andrade, primeira autora do artigo, publicado na revista Materials Science and Engineering C.

Graduada em Odontologia e residente de pós-doutorado, sob orientação do professor Luiz Orlando Ladeira, do Departamento de Física, Lídia destaca que o grupo foi o primeiro a testar diferentes concentrações de Cetuximabe.

Puro, o remédio é administrado com 5 miligramas. Na associação com as nanopartículas, são necessários apenas 200 microgramas. O Cetuximabe é um imunoterápico, tipo de medicamento que se liga a uma molécula para impedir que a célula tumoral execute alguma função importante para sua sobrevivência.

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