Petrobras sofre agora com perda de credibilidade

Hoje em Dia
09/09/2014 às 08:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:08
 (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

O rombo que a Petrobras pode ter tido com contratos superfaturados, denunciados pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa, não voltará mais ao caixa da empresa. Agora, o prejuízo é de credibilidade, com forte viés político. E essa onda de incerteza do que irá acontecer com a petrolífera já se refletiu nas negociações da Bolsa de Valores.

No primeiro dia útil após a divulgação das acusações do ex-diretor, por meio de delação premiada, as ações da estatal tiveram desempenho negativo. O dia começou com alta de mais de 3%, mas os papéis preferenciais (sem direito a voto) fecharam em queda de 4,90% e os ordinários (com direito a voto) recuaram 4,78%. Esse movimento influenciou o fechamento da Bolsa, que teve a maior queda desde fevereiro, com 2,45% negativos.

As denúncias de Paulo Roberto Costa, publicadas na revista “Veja” do último fim de semana, apontavam que deputados, senadores, ministros e governadores do PT, PP, PMDB e PSB recebiam propina de até 3% do valor de cada contrato com a Petrobras.

Para o professor do Ibmec-Minas e Mestre em Finanças Internacionais, Ricardo Couto, a imagem da empresa está arranhada perante o mercado. “Como a venda (os contratos) já ocorreu, independentemente do valor, já tinha afetado o caixa da empresa. A precificação já tinha sido feita pelo mercado. Todo o movimento não é em relação ao o que aconteceu no passado financeiro, mas em relação ao que restou. O efeito dessa atitude já foi incorporado. A credibilidade, com certeza, está sendo afetada”, afirma.

Para o professor, alguma mudança no comando da empresa deveria ter sido feita assim que as denúncias começaram a aparecer. “O mercado enxerga de uma forma no mínimo estranha. Como que dentro de tantos escândalos, nada foi feito, ninguém foi trocado, e todo mundo está achando normal continuar com a mesma equipe, no auge de uma crise?”, questiona o professor.

Viés político

O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, disse que é “lamentável” que uma empresa como a Petrobras esteja “mergulhada na lama da corrupção”. Segundo ele, isso afeta inclusive a confiança na economia brasileira.

“As instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário têm dado resposta. Mas o governo do PT com seu modelo de governabilidade na base do aparelhamento, do fatiamento de ministérios e empresas, dentro da lógica do ‘é dando que se recebe’, levou o país para um pantanal de corrupção”, disse.

Em nota encaminhada à imprensa no último sábado, o presidente do PT mineiro, deputado federal Odair Cunha, disse que o candidato Aécio Neves tem uma “indignação seletiva” em relação ao escândalo da Petrobras, já que o ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa incluiu entre os receptores de propina nomes do PP, partido da base aliada tucana em Minas.

“O atual governador, Alberto Pinto Coelho, e o candidato a vice-governador na chapa tucana, Dinis Pinheiro, são os expoentes do PP no Estado”, destaca a nota.  

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