PF abre 3ª etapa da operação Acrônimo com foco no ex-ministro Mauro Borges

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
02/10/2015 às 06:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:55
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

A terceira etapa da operação Acrônimo, que tem como principal investigado o governador Fernando Pimentel (PT), foi desencadeada pela Polícia Federal (PF) em Belo Horizonte, Brasília e outros três estados. Quarenta mandados de busca e apreensão de documentos foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelo inquérito sigiloso.

Na capital mineira, os investigadores recolheram malote com computadores, telefone celular e tablet no apartamento do ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Mauro Borges, atual presidente da Cemig, no bairro Belvedere.

Borges foi convocado para prestar esclarecimentos sobre a sua atuação no período em que ocupou o Ministério do Desenvolvimento, entre fevereiro e novembro de 2014. Borges sucedeu Pimentel na pasta para que o petista pudesse lançar candidatura ao governo de Minas. A suspeita é de que Borges tenha mantido em funcionamento o suposto esquema irregular existente na pasta durante a gestão de Pimentel.

Após o pente-fino de cerca de duas horas, o ex-ministro foi intimado a prestar depoimento na sede da PF na condição de investigado. Nos cerca de 30 minutos de duração do interrogatório, ele preferiu permanecer em silêncio.

Além de Pimentel e agora Borges, a Acrônimo investiga a primeira dama do Estado, Carolina de Oliveira, o assessor especial do governo, Otílio Prado, o empresário Benedito de Oliveira, o Bené, e seus colaboradores.

Ligado ao PT, Bené amealhou cerca de R$ 500 milhões em contratos com o governo federal nos últimos dez anos por meio de empresas de fachada.

Para a PF, o empresário é o operador de Pimentel em um esquema de lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas e caixa 2 para financiamento de campanha eleitoral.

Amigo de Pimentel, Bené pagou despesas pessoais do governador e da mulher dele em um resort de luxo no litoral da Bahia e emprestou avião para o casal viajar.

Um dos focos da organização envolveria contratos com o BNDES, banco subordinado ao ministério do Desenvolvimento.

Em São Paulo, os demais alvos da Acrônimo são as sedes das empresas Marfrig e Odebrecht Ambiental. Já no Rio de Janeiro as buscas foram na Confederação Brasileira de Futebol.

De acordo com a “Folha S. Paulo”, a PF buscou contratos na CBF firmados com o jornalista Mario Rosa, sócio de Bené. Na segunda etapa da Acrônimo, em junho, os federais apreenderam R$ 30 mil em dinheiro em um flat utilizado pelo governador, no Bairro de Lourdes, em BH.

Na mesma ação, recolheram documentos que apontam a OPR Consultoria, pertencente a parentes de Otílio Prado, como financiadora de uma reforma no apartamento do governador, no bairro Serra, em Belo Horizonte.

Criminalista diz que investigação envolve atuação em ministério

Em entrevista, o criminalista Marcelo Leonardo, advogado do ex-ministro do Desenvolvimento e atual presidente da Cemig Mauro Borges, informou que a apuração da terceira fase da operação Acrônimo envolve o período em que Borges foi ministro, entre fevereiro e dezembro de 2014. Ou seja, não envolve a gestão da Cemig.

“Não tem qualquer relação com a Cemig. A polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão e outro de intimação. Houve apreensão de notebooks, tablets e celulares. Tem a ver com o período em que ele foi ministro do Desenvolvimento, em 2014. O ministro que acompanha o processo decretou 48 horas de sigilo. Então não posso fornecer outras informações”, ponderou Marcelo Leonardo.

Borges sucedeu Pimentel no ministério no ano passado, quando o petista deixou a pasta para se candidatar ao governo de Minas, no ano passado.

Representante do governador Fernando Pimentel, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse não ter tido acesso ao despacho do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele, no entanto, tem convicção de que o governador não tem relação com a terceira fase da Acrônimo. “Ainda não temos a avaliação da amplitude dessa nova fase da investigação. Quero crer que não tem relação com o governador Fernando Pimentel”, destacou.

Duas testemunhas escolhidas pela polícia numa academia na vizinhança acompanharam as buscas no apartamento do ex-ministro Mauro Borges. A ação foi seguida também pelo advogado Marcelo Leonardo, que chegou ao local após o início da operação.

A equipe saiu da superintendência para cumprir o mandado em dois carros descaracterizados, por volta das 6h da quinta-feira.

Com foco em contratos milionários, a Acrônimo teve início por causa de R$ 113 mil. Essa quantia foi apreendida, no final do ano passado, no avião do empresário Benedito de Oliveira, o Bené, pivô da operação.

Ele estava indo de Belo Horizonte para Brasília quando foi interceptado pelos federais. Daí foi instaurado o inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro.

A principal empresa dele, a Gráfica Brasil, já foi contratada pelo governo petista e, em 2014, prestou serviços para a campanha de Pimentel. Amigos, o governador e o empresário já viajaram juntos com as esposas para Punta del Leste, no Uruguai.

Na época, Pimentel era ministro e teve algumas despesas pessoais pagas pelo jovem empresário, que chegou a ser preso e foi solto após pagar fiança.

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