O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais registrou a maior queda dos últimos anos. Em 2015, o conjunto de tudo que foi produzido no Estado caiu 4,9% na comparação com 2014, ano em que também houve retração. Os números foram divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP).
A queda do PIB de Minas foi superior ao recuo da média brasileira, de 3,8%, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria, que responde por 30,7% da produção de Minas Gerais, apresentou queda de 9,1%.
E as previsões para este ano não são nada animadoras. O Banco Central prevê nova queda do PIB nacional neste ano em 3,6%. O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, elaborado pelo governo Federal, aponta queda semelhante, de 3,5%.
“Tudo indica que teremos um terceiro ano de recessão”, afirma o Pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP) e professor do Ibmec, Glauber Silveira.
Macroeconomia
Com a renda sendo corroída pela inflação, que bateu 10,67% em 2015, o consumidor reduziu as compras e adiou investimentos em bens duráveis, como veículos. O reflexo apareceu nos números da indústria. A indústria de transformação apresentou recuo de 12,7% no confronto com 2014. O subsetor veículos automotivos caiu 33,1%, enquanto máquinas e equipamentos registrou queda de 38%.
A retração de 8,8% na construção civil também é explicada pela queda na demanda, conforme afirma o pesquisador. O crédito mais caro e a dificuldade de conseguir financiamentos foram citados como responsáveis pelo mau desempenho.
Mariana
No setor extrativo mineral houve retração de 1,1% em 2015. Silveira destaca o cenário externo, que diminuiu o apetite pela commodity, como motivador da queda. Ele ressalta, ainda, que o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, contribuiu para puxar os números para baixo.
“Quando a Samarco para de produzir, há uma grande reação em cadeia. No terceiro trimestre, o setor apresentou queda de 10,7%, influenciado principalmente pela mineradora”, diz.
No campo
As variações climáticas culminaram na redução da produção agropecuária. A baixa de 2,3% no setor em 2015 foi puxada, principalmente, pela safra do café, menor do que a esperada.
“As variações climáticas influenciaram as pastagens também”, ressalta a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
A forte dependência do café, de acordo com Glauber Silveira, fez com que o Estado apresentasse pior desempenho do que a média nacional, de alta de 1,8%. “A soja teve bons resultados”, comenta o pesquisador.