O esperado embate direto entre Fernando Pimentel e (PT) e Antonio Anastasia (PSDB), que lideram as pesquisas de intenção de voto ao governo de Minas, não aconteceu no último debate televisivo antes da eleição de domingo (7), promovido pela TV Globo, nessa terça-feira (2). Os dois principais postulantes ao Palácio da Liberdade evitaram um enfrentamento nas perguntas, e usaram a discussão com os demais candidatos para trocarem acusações. 

Além de Pimentel e Anastasia foram convidados, Adalclever Lopes (MDB), Claudiney Dulim (Avante), Dirlene Marques (Psol), e Romeu Zema (Novo). A novidade ficou por conta da presença de Zema, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, e participou pela primeira vez desse tipo de conferência. 

No primeiro bloco os candidatos ficaram livres para fazer perguntas entre si. Quem abriu a rodada foi Fernando Pimentel, que se dirigiu a Adalclever Lopes, perguntando o entendimento do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre uma propaganda eleitoral veiculada pelo PSDB, que teria o interesse de induzir o eleitor. "Vi com indignação e falta de respeito e a nós, candidatos. Mostra que há medo que a democracia se instale. Querem induzir, sem proposta, algo que o povo vai escolher”, afirmou Adalclever.

Na réplica, Pimentel destacou que assumiu o Estado em situação complicada, e aproveitou para criticar a gestão do presidente Michel Temer (MDB). “Minas não tem espaço para arrogância e desrespeito. Pegamos um Estado falido, na maior crise da história. Claro que há problemas e, com o fim do governo Temer, o boicote a Minas vai acabar. Vou continuar trabalhando em harmonia”.

Em sua primeira pergunta, Zema se dirigiu a Anastasia, questionando o tucano sobre a criação de secretarias e outros gastos como a das obras na Cidade das Águas. "Em 2011 a situação do Estado permitia aquele quadro exato, tínhamos políticas públicas para isso. Em 2013, acabamos com seis secretarias e cargos comissionados”, respondeu o candidato do PSDB.

Anastasia aproveitou a réplica de uma pergunta direcionada a Claudiney Dulim, para criticar a atuação do PT na geração de empregos. "Dilma nos deixou com 13 milhões de desempregados e agora quer ser senadora por Minas, uma senadora pára-quedista, como chamo". Quanto às empresas, "tem que ter inovações, mas hoje, no governo do PT, nada é feito".

O governador aproveitou um questionamento do candidato do Avante para rebater Anastasia. "Debate começou com números errados, Minas só está atrás em criação de empregos do Estado de São Paulo, estamos atraindo empresas para cá. Ambev virá porque está com medo da segurança de lá e aqui a segurança é boa".

Bloco da economia

No segundo bloco cada candidato fez perguntas sobre um tema definido por sorteio. Sobre a situação das empresas estatais, Zema revelou seus planos para a Cemig e a Codemig. “Minha proposta para Codemig é que passe a fazer parte da Secretaria da Fazenda. Vamos dividir a Cemig em 4 ou 5 empresas para haver concorrência, ao invés de pagar para custear cabide de emprego".

Um dos pontos de maior tensão no bloco foi o questionamento do candidato do Novo a Fernando Pimentel sobre o atraso no pagamento aos servidores públicos. "O problema de Minas é a Previdência Pública e ele foi agravado pelo governo Anastasia. Havia um fundo criado pelo Itamar, ia reduzir impacto das contas da Previdência, mas o fundo foi extinto e agravou o problema. Atraso de repasses tem a ver com isso, nosso problema", respondeu Pimentel.

Na volta, o empresário afirmou que o governador deveria dar o exemplo, e abrir mão do salário até que o salário do funcionalismo esteja em dia. Pimentel afirmou que não pode abrir mão do salário bruto (cerca de R$10 mil), mas que vai trabalhar para colocar as contas em dia.

Discórdia na parte de baixo

O ponto de maior controvérsia no terceiro bloco ficou por conta de Claudiney Dulim e Romeu Zema. O candidato do Avante subiu o tom contra Zema, criticando a posição do empresário e de seu partido de se colocarem como única solução para o país. “Compreendi que Collor acaba de chegar a Minas, o caçador de Marajás. Onde o senhor estava esse tempo todo? O senhor vive numa realidade principesca, deitado sobre a sua fortuna. Vamos ter mais respeito com seus colegas candidatos", disse Dulim. 

“Posso não mudar a lei de cada município, mas me indigno com essas situações. Pago imposto em diversas cidades, vou continuar questionando, você e quem está nos assistindo deveria fazer o mesmo para acabar com essa pouca vergonha”, respondeu Zema. 

Outro momento de tensão no bloco foi o questionamento de Dirlene Marques a Pimentel sobre a crise econômica do Estado. Dirlene afirmou que o governador atribui apenas ao governo federal à delicada situação de Minas. "Depois de 12 anos de PSDB não tinha nenhum projeto estruturante, nem de água, segurança, saúde, educação, nada. Rombo no Estado, conseguimos manter o Estado funcionando e quero continuar trabalhando para corrigir os equívocos do PSDB", afirmou Pimentel.

Embate na ponta

Na última parte do debate, o governador foi mais incisivo nas críticas à administração do PSDB em Minas. "Descentralizamos o governo, dividimos em 17 regiões, realizamos reuniões com lideranças e colhemos demandas. Atualizamos o que não foi feito em 12 anos de PSDB. Vamos continuar a corrigir e reforçar a economia regional. Não tem que inventar a pólvora não", disse Pimentel, ao responder uma pergunta sobre desenvolvimento regional. 

Após os novos embates, ainda no quarto e último bloco, durante 2 minutos, cada candidato deve a oportunidade de voltar a defender suas propostas nas considerações finais, e apelaram por votos dos eleitores. Como aconteceu durante todo o debate com os dois principais postulantes ao cargo, Anastasia e Pimentel usaram o espaço para mais uma vez atacarem um ao outro. Já os demais candidatos procuraram focar nas suas propostas.

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