Planalto envia vídeo em defesa do regime militar em lista de transmissão do WhatsApp

Daniele Franco
31/03/2019 às 17:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:02
 (Reprodução)

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Integrantes de uma lista de transmissão de WhatsApp do Palácio do Planalto receberam, neste domingo (31), um vídeo em defesa do regime militar, que foi iniciado no Brasil no dia 31 março de 1964 e manteve militares no governo do país por 21 anos, até 1985. 

No vídeo, um narrador inicia fazendo analogia ao poema A canção do exílio, de Gonçalves Dias, para falar de um tempo em que o Brasil "de repente não tinha mais estrelas que outros, nem nossa vida e nossos campos e bosques mais flores e amores". Em um primeiro momento, a impressão é de que ele vai criticar os "anos de chumbo", mas logo cita o tempo em que o país viva sob a ameaça comunista, que foi a justificativa usada pelas Forças Armadas para depor o então presidente João Goulart e tomar o poder. 

Procurada, a assessoria de comunicação do Palácio do Planalto confirmou o envio do conteúdo, mas negou que tenha sido uma ação do setor. De acordo com o Planalto, a produção não foi feita internamente e a assessoria acredita que o número do órgão somente repassou a mensagem.

O mesmo vídeo foi publicado pelo deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em sua conta no Twitter. Na legenda, o parlamentar afirma que o Brasil foi libertado pelos militares em 1964 e convida os seguidores a perguntarem aos pais e avós como foi viver no período.

Num dia como o de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64! Duvida? Pergunte aos seus pais ou avós que viveram aquela época como foi? pic.twitter.com/eEJVgfEDhz— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) 31 de março de 2019

Polêmica

A polêmica envolvendo a data ganhou força nas redes sociais após o presidente Jair Bolsonaro, por meio do Ministério da Defesa, recomendar que a data fosse comemorada em quartéis militares das Forças Armadas.

O cumprimento da recomendação foi proibido por uma juíza da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, na sexta-feira (29), mas a proibição foi derrubada por uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), também na capital do país.

A recomendação do governo federal também foi alvo da análise do Ministério Público Federal, que recomendou aos quartéis que não cumprissem a sugestão do presidente.

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