PM para todos, sem privilégios

Hoje em Dia
29/03/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:49

Um diamante histórico de valor incalculável é roubado de uma mansão. O dono contrata um policial para investigar e, insatisfeito com os primeiros resultados, paga ao investigador e o dispensa. Em seguida, contrata outro da mesma corporação, e o novo agente, mais capacitado, descobre como a joia sumiu, mas fica por isso mesmo. É uma história do século 19, que é lembrada devido a uma notícia de ontem sobre a PM.   “Empresários pagam para ter a Polícia Militar por perto”, afirma o título da reportagem do Hoje em Dia. Postos de combustíveis com um histórico de roubos na Região Metropolitana de Belo Horizonte oferecem espaço e infraestrutura para instalação de pontos de apoio da PM dentro do estabelecimento. O que seria a privatização da segurança pública para quem puder pagar.   Ao ser procurado para esclarecer a questão, o chefe da assessoria de comunicação da PM, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, reconheceu que esse tipo de policiamento não é o ideal e pode gerar a sensação de uma polícia “privada”. E anunciou que serão desativados todos os pontos de apoio da PM nos postos de combustível e onde ficar caracterizado algum tipo de convênio entre a instituição e os empresários. “O Estado está investindo em segurança pública e não podemos privilegiar os donos de estabelecimentos comerciais deixando a população de lado”, acrescentou o oficial. Há reclamações por parte de associações de moradores de que unidades da PM que protegiam a todos, sem distinções, foram desativadas.    Nada menos que 146 anos se passaram entre a publicação de “A Pedra da Lua”, do escritor inglês Wilkie Collins, numa revista de Charles Dickens, e a constatação da “privatização” da PM mineira. Os dois policiais contratados pelo dono da mansão inglesa eram funcionários da Scotland Yard, que nas décadas seguintes se firmou como exemplo de uma corporação policial eficiente, voltada para defender a sociedade contra os criminosos, sem distinção de poder aquisitivo.   A PM mineira tem também uma longa história. Em mais de dois séculos, acompanhou as transformações sociais ocorridas no Estado e preparou seu efetivo para as exigências de seu tempo. Como se lê no site da Academia de Polícia Militar, esse foi um processo gradativo de aperfeiçoamento, que se acelerou a partir de 1912 e ainda não se completou. A PM está aberta a sugestões e a propostas para tornar o policiamento mais eficaz.   A sociedade e a própria corporação necessitam estar atentas a qualquer indício de retrocesso, como parece ser o caso. É bastante clara a missão da Polícia Militar, que se lê no Caderno Doutrinário e noutras publicações: “Assegurar a dignidade da pessoa humana, as liberdades e os direitos fundamentais, contribuindo para a paz social e para tornar Minas o melhor Estado para se viver”. 

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