PMDB mineiro vive novo racha tendo como motivação prestígio do PSDB com Temer

Fábio Corrêa
fcaraujo@hojeemdia.com.br
30/08/2017 às 20:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:20
 ( Marcelo Camargo/Agência Brasil)

( Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 O afago ao PSDB e a aproximação do presidente Michel Temer e de lideranças peemedebistas com os tucanos provocou nova cisão no diretório estadual do PMDB em Minas, já rachado em virtude do apoio ao governo de Fernando Pimentel (PT).

O motivo da rebeldia é traduzido em números. Parte da bancada federal mineira do partido apoiou a permanência de Temer no cargo, mas não viu o aval à manutenção traduzir-se em relevância política. O PMDB mineiro não dispõe de ministérios e pode ver redutos eleitorais, como a Ceasa, privatizados.

Já na escala nacional, o PMDB possui seis ministérios e o PSDB, cinco. A diferença é que os tucanos até hoje não sabem se alçam voo ou se permanecem na base.

Ainda provoca desentendimentos a visibilidade alcançada pelo deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) nos últimos meses. Nome forte da ala ligada ao vice-governador Antônio Andrade, que defende uma candidatura própria do partido para as eleições de 2018, Pacheco tem sofrido ataques de correligionários como o deputado federal Newton Cardoso Júnior e o secretário de Saúde do Estado, Sávio Souza Cruz, que fazem parte do grupo que pleiteia a manutenção do PMDB de Minas na base de apoio do governo do PT.

Com bom trânsito junto a outros partidos e alvo de elogios como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o advogado já recebeu propostas de ao menos outras quatro siglas, entre elas o PSB, o PPS, a Rede e o PSDB.

Justamente o diálogo com os tucanos é que motiva as críticas internas a Pacheco. Na reunião da executiva estadual, na última sexta-feira, os deputados mineiros do PMDB repetiram a bronca com o governo Temer de não indicar ministros de Minas Gerais.

“Os tucanos assumiram o governo federal”, reclamou Newtinho na ocasião. Mais tarde, em entrevista ao Hoje em Dia, o deputado criticou diretamente Pacheco. “Ele é um grande quadro do PMDB, mas é amigo dos tucanos por ser advogado criminalista”, disparou, acrescentando que “peemedebista que aliar com tucano vai colocar o próprio velório”.

Já Sávio Souza Cruz, para quem a cúpula nacional do PMDB está preocupada em fortalecer Aécio, criticou Pacheco por ter sido fotografado de mãos dadas com Aécio, no apoio a João Leite no segundo turno das eleições municipais do ano passado, sem ter tido autorização da executiva peemedebista. “O Pacheco ainda vai pagar na carreira política por isso”, afirmou.

Política antiga

Pacheco preferiu não comentar as afirmações de Newton, mas declarou que o apoio a Leite foi uma decisão pessoal. “Temos que respeitar as posições dentro do partido”, retrucou o deputado, que diz que dialoga com todos os partidos, inclusive com o “PT de Patrus Ananias”, e classifica como “política antiga” as polêmicas por essa causa.

“Minha intenção é permanecer no PMDB e trazer os partidos que pensem nessa política nova de unificação”, afirmou o advogado, para quem o grupo contrário “quer ficar na aba” do governo petista.

Afinado com Pacheco está o presidente do PSDB mineiro, Domingos Sávio. “O Rodrigo é um elemento que nós estamos em diálogo, nas questões de Minas, numa política que possa ser construída a partir do entendimento de um projeto melhor para o Estado”, afirmou. Segundo o tucano, ele é um ótimo interlocutor. “Ainda não temos conversado sobre a questão eleitoral porque estamos aguardando a reforma política”, disse.


Verbas para Divinópolis geram rusgas entre Newtinho e Sávio

As rusgas entre a ala pró-governo Pimentel do PMDB de Minas e o PSDB colocaram na rota, durante a última reunião da executiva mineira do PMDB, a liberação de verbas pelo Ministério das Cidades, chefiado pelo tucano Bruno Araújo.

No encontro, Newton Cardoso Júnior acusou o PSDB de ter passado na frente dos peemedebistas no aporte de cerca de R$ 20 milhões previstos para obras em saneamento previstas no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) em Divinópolis, região Oeste de Minas.

“Parece que tem uma instrução lá (no Ministério) para só liberar recursos de Minas Gerais através de um deputado do PSDB do Estado. Isso é uma vergonha, significa que o ministério virou instrumento de ação política”, reclamou Newtinho ao Hoje em Dia.

Para Domingos Sávio (PSDB-MG), a afirmação é “ridícula”. “Esse comportamento é que causa um estresse da classe política”, disse ele, que afirmou ter intervindo junto ao prefeito da cidade, Galileu Teixeira Machado (PMDB), para conseguir a liberação.

“É uma obra que tinha se iniciado no governo anterior, do PSDB, e eu obviamente ajudei a fazer a interlocução pra superar alguns entraves técnicos. Não tem distinção partidária, será que ele está com ciúmes porque fui eu fiz a interlocução?”, alfinetou. O Ministério das Cidades não se manifestou.Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados 

“Ele (Pacheco) é amigo dos tucanos por ser advogado criminalista”

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