Polícia investiga possível participação de agentes públicos em fraude do luxo

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
13/09/2018 às 17:24.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:26
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A Polícia Civil vai investigar se agentes públicos de Minas Gerais tiveram envolvimento em esquema de fraudes e lavagem de dinheiro que movimentou R$ 160 milhões nos últimos dois anos, com aberturas e fechamentos sucessivos de empresas fantasmas e movimentação de processos fraudulentos em Belo Horizonte e outras cidades. 

Para facilitar as operações burocráticas e a aquisição de empréstimos, a quadrilha utilizava documentos falsos em nome de empresários reconhecidos, que não sabiam do esquema. Pelo 100 pessoas físicas e jurídicas foram vítimas do grupo.

O esquema foi desarticulado por meio da operação Apate, realizada ontem pela Polícia Civil com o cumprimento de três mandados de prisão e seis de busca e apreensão na capital mineira e nos municípios de Contagem e Pará de Minas, na Grande BH. Os três suspeitos de comandarem a fraude, incluindo um advogado de Belo Horizonte que morava em apartamento de luxo no bairro Buritis, avaliado em R$ 2,5 milhões, estão foragidos e negociam se entregar. 

De acordo com a corporação, as investigações começaram há um ano, quando o herdeiro de uma grande construtora da capital verificou que havia um pedido de emissão de Carteira Nacional de Habilitação em seu nome, com o envio programado para um endereço desconhecido. “Quando ele deu queixa, começamos a investigação e descobrimos o esquema, mas a rápida e discreta atuação da quadrilha dificultava o trabalho dos órgão fiscalizadores”, afirma o delegado Vinicius Dias, da Delegacia de Fraudes. 

Segundo o delegado, a estrutura do grupo era complexa e contava com auxiliares administrativos, advogados e laranjas que se passavam por sócios das empresas fictícias. Para a PCMG, até mesmo agentes públicos poderiam estar envolvidos no processo. “Estimamos que haja entre 10 e 12 pessoas ligadas diretamente e a participação de agentes públicos também está sendo investigada”, afirmou Dias. 

A suspeita foi levantada pela velocidade com que a quadrilha conseguia realizar procedimentos burocráticos, acessar processos e emitir documentos falsos, como identidades, CPFs e CNHs. 
“Eles tinham conhecimento dos trâmites comerciais, facilidade para solicitar procurações nos cartórios e acesso a procedimentos em fóruns e no Tribunal de Justiça”, conta o delegado.

O Tribunal de Justiça foi procurado para comentar a fraude, mas não quis se manifestar. 
Entre outros crimes, os envolvidos responderão por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documento público e particular, estelionato e falsidade ideológica. A pena mínima é de 25 anos de reclusão, podendo chegar a 60 anos.Maurício Vieira 

Operação realizada ontem pela Polícia Civil

Outros estados
Conforme mostraram as investigações, Belo Horizonte era o centro operacional na quadrilha, mas outros estados serviam como centros financeiros. Entre as movimentações, foram encontrados montantes milionários em espécie originados em outros estados, como Pará, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. 

Luxo

Os investigados pela Polícia Civil ostentavam vida de luxo em Belo Horizonte e na Região Metropolitana. No apartamento de um dos líderes do grupo, localizado no bairro Buritis, região Oeste da capital, havia uma jacuzzi na sala de estar, além de relógios, instrumentos musicais refinados e diversas bebidas destiladas, como whisky. Um filhote da raça Maltês também foi deixado para trás. O imóvel está avaliado em R$ 2,5 milhões. 


Outra mansão mantida pela quadrilha em Pará de Minas foi construída em uma área de 4 mil metros quadrados. O espaço também funcionava como salão de festas e, segundo a Polícia Civil, somente o projeto paisagístico do jardim custou R$ 170 mil. 

Nas casas dos suspeito foram apreendidos relógios e automóveis de luxo, como uma Tucson, um HB20 e uma moto Harley-Davidson. A polícia ressaltou que os automóveis chegaram a ser usados como forma de capitalização do esquema, já que um dos suspeitos teria ateado fogo em uma BMW para receber o valor do seguro. 
Os bens e os imóveis foram bloqueados e o judiciário poderá usá-los para ressarcir as vítimas. Maurício Vieira 

Delegados explicam fraudes

  

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