Polícia retoma controle do presídio em Alcaçuz, hasteia bandeira e acha armas

Folhapress
27/01/2017 às 20:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:36

Policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) entraram nesta sexta-feira (27), de surpresa, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), para retomar o controle do presídio. Logo após a ação, a bandeira do Brasil foi hasteada onde antes ficavam as bandeiras das facções criminosas. Não houve confronto.

A polícia e os agentes penitenciários federais invadiram os pavilhões 4 e 5 do presídio por volta das 5h. Poucos minutos depois, os agentes hastearam uma bandeira do Brasil e outra do Rio Grande do Norte sob o pavilhão 5, o chamado Presídio Rogério Coutinho Madruga.

A crise no presídio de Alcaçuz teve início no último dia 14, quando 26 presos foram mortos em decorrência de um confronto entre membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Sindicato do Crime do RN. A operação, denominada Phoenix, tinha como objetivo retomar, restabelecer e reformar o presídio. O nome da operação é uma alusão à ave da mitologia grega que renasce das cinzas. Após obter o controle, a polícia e os agentes iniciaram uma revista minuciosa nos pavilhões, novamente em busca de armas e celulares. Os agentes encontraram um revólver, drogas, diversos celulares e mais de 500 facas artesanais.

A penitenciária foi dividida ao meio por um "muro" de contêineres, para separar os presos do PCC e do Sindicato do Crime do RN. Desde o início da rebelião, cerca de 200 detentos já foram transferidos de Alcaçuz. O governo registrou também a fuga de 56, iniciada no dia 14 de janeiro.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), confirmou a intenção de desativar Alcaçuz ainda este ano. Para isso, trabalha com a perspectiva de concluir a construção de três novos presídios no Estado nos próximos meses.

OBRAS EMERGENCIAIS O governo do Estado informou que está investindo R$ 754 mil nas obras emergenciais dentro do presídio desde o início da rebelião. A instalação dos contêineres, que passou a separar provisoriamente os presos das facções rivais, custou R$ 166 mil. Já o muro que será erguido para separar os pavilhões 1, 2, 3 das alas 4 e 5, de forma permanente R$ 238 mil.

Com 90 metros de comprimento e 6,4 metros de altura, ele deve ficar pronto em duas semanas, segundo o governo. Outros R$ 360 mil serão investidos para instalação de piso de concreto no entorno do presídio. O objetivo é evitar fugas por meio de túneis escavado no terreno arenoso da região. O presídio foi erguido em cima de uma duna.

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GREVE

A Justiça frustrou o plano de greve dos agentes penitenciários do Estado, que haviam aprovado, na última semana, paralisação a partir desta quarta, em meio ao caos no maior presídio do Estado. Os agentes reivindicam a contratação de agentes temporários para suprir a demanda emergencial e a realização de um concurso público.

O juiz Múcio Nobre, do Tribunal de Justiça do RN, determinou que o sindicato se abstenha de deflagrar a greve, sob pena de multa diária de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento -o que não chegou a acontecer. O magistrado argumentou que o trabalho dos agentes penitenciários trata-se de serviço público essencial e que o direito de greve não pode ser exercido nesse caso, "sob pena de grave comprometimento da ordem pública".

Os ônibus em Natal voltaram a circular com toda a frota somente na última quarta (25). Desde a última semana, as empresas recolheram os carros mais cedo com medo de ataques. Houve 42 incêndios ou tentativas de incêndio a veículos e prédios públicos desde o começo da rebelião em Alcaçuz.

Desde o último domingo (22), 1.846 homens do Exército estão atuando no policiamento ostensivo em Natal.

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