(Guilherme Bergamini)
O secretário de Estado de Governo de Minas, Bilac Pinto, juntou-se a alguns deputados e representantres de policiais para atribuir à imprensa, nesta terça-feira (10), durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, a responsabilidade por problemas gerados para o governo estadual com a aprovação de Projeto de Lei, do próprio Executivo, determinando a recomposição salarial de 41,7% para servidores das forças de segurança do Estado.
Segundo o secretário, a "grande mídia nacional" teria feito interpretações equivocadas sobre o tema, durante a tramitação do PL na Assembleia, gerando na opinião pública - e mesmo em outras instâncias de poder, inclusive a federal -, a ideia de que o governo mineiro estaria agindo de maneira irresponsável.
Conforme tal linha de raciocínio, Minas Gerais estaria privilegiando categorias funcionais específicas e, assim, causando um impacto de R$ 9 bilhões nas finanças estaduais, em três anos.
O secretário também responsabilizou indiretamente a mídia pela inclusão - feita, na verdade, por parlamentares durante os debates sobre o PL - de emenda à proposição original do governo, estendendo a recomposição, em diferentes percentuais, a outras categorias do funcionalismo. Com isso, o rombo chegaria a R$ 29 bilhões.
À tarde, a fala de Bilac foi duramente criticada pelo presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV). Em sua conta no Twitter, o parlamentar disse ser "errado e irresponsável querer culpar a imprensa e a @assembleiamg pelos equívocos da articulação do governo na tramitação do PL 1.451/20, de autoria do governador".
"Dizer que o que retarda a manifestação do Governo sobre este projeto, que foi discutido por mais de um ano com os representantes das categorias, é uma emenda apresentada pela @assembleiamg é querer transferir responsabilidade a terceiros", acrescentou Patrus
Mais críticas
Mais cedo, durante a audiência, as declarações de Bilac Pinto ganharam ressonância entre deputados e representantes dos militares, como o subtenente Hélder Martins, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra). Boa parte deles lamentou que a imprensa não tenha explicado que os militares mineiros estavam sem nenhuma recomposição há mais de cinco anos.
Para a maioria dos participantes a se manifestar na audiência, a imprensa tem feito confusão em torno da recomposição que seria dada aos servidores da segurança pública, chamando a revisão de reajuste e prejudicando a categoria. Tecnicamente, só poderia ser considerado reajuste o aumento cujo percentual esteja acima do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), apurado no período a que se refere a correção, o que não seria o caso.
O presidente da Aspra também lamentou que a imprensa não tenha explicado que os militares mineiros estavam sem nenhuma recomposição há mais de cinco anos e que os 41,7% serão concedidos de forma gradativa.
"Isso é covardia com uma categoria tão importante para a sociedade. Agora nós seremos culpados de afundar o Estado?", questionou o cabo Álvaro Rodrigues Coelho, presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e dos Bombeiros de Minas Gerais.
Veja as mensagens de Agostinho Patrus:
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