'Celebrou-se pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro', afirma Barroso

Estadão Conteúdo
02/04/2018 às 17:35.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:08
 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (2), durante Fórum da ONU sobre Segurança Humana, em São Paulo, que agentes do Estado, empresários e políticos firmaram um "pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro".

O ministro fez a declaração ainda em meio a impacto da Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal por sua determinação na quinta-feira (29), que prendeu amigos e antigos aliados do presidente Michel Temer, como o advogado e empresário José Yunes e o coronel da reserva da PM João Batista Lima Filho.

Durante o evento, Barroso defendeu a ideia de que "talvez, até hoje", exista um "modelo padrão de fazer política e negócios" no Brasil que envolve corrupção e superfaturamento de contratos públicos.

"O agente político relevante indicava o dirigente de Ministério ou da empresa estatal com metas de desvio de dinheiro. O dirigente da empresa estatal contratava por licitação fraudada a empresa que seria parceira no esquema de desvio de dinheiro. A empresa parceira superfaturava os preços para gerar o excedente de caixa que seria distribuído para o agente político que nomeou o dirigente estatal e seus correligionários".

"A minha análise é de que celebrou-se de longa data, e com renovação constante, um pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro celebrado entre parte da classe política, parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal", afirmou o ministro.

Para Barroso, "o fenômeno não é novo, mas a percepção dele é mais recente e muito aguda".

"O Brasil, nos últimos tempos, se deu conta de que nós vivenciávamos uma corrupção que era sistêmica, endêmica. Não era produto de falhas individuais, de pequenas fraquezas humanas, era o programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso, que envolvia empresas públicas, privadas, agentes públicos, privados, membros do congresso, do executivo, da iniciativa privada. Foi espantoso o que aconteceu no Brasil", disse.

O ministro, no entanto, vê uma reação à onda corrupta que vive o país. "Nós estamos fazendo um esforço no Brasil para tomá-lo das mãos das elites extrativistas e devolvê-lo à sociedade para que as pessoas se sintam livres, iguais, participantes, e possam confiar umas nas outras".

Barroso ainda disse que a corrupção "atrasa o processo de distribuição de renda", "prejudica a qualidade dos serviços públicos" e "faz a vida ser pior".
Leia mais:
Corrupção sistêmica era modo de fazer política no Brasil, afirma Barroso
Discreta, Rosa Weber definirá destino de Lula
STF: investigados que estão no exterior deverão se apresentar à PF no desembarque

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por