Dinis Pinheiro: "Vamos ter oportunidade de fazer um novo Brasil"

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
11/08/2014 às 07:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:44
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Com o discurso de ataque ao governo federal e de transferência de responsabilidade, por exemplo, na lentidão das obras de expansão do metrô de Belo Horizonte e nos investimentos em segurança e saúde públicas, o candidato a vice-governador de Pimenta da Veiga (PSDB), Dinis Pinheiro (PP), afirma estar “estarrecido” com a “falta de atitude” de seus adversários na disputa pelo Palácio Tiradentes, Fernando Pimentel (PT) e Antônio Andrade (PMDB), enquanto ex-ministros de Dilma Rousseff (PT). Segundo o presidente da Assembleia Legislativa, ambos tiverem “toda a condição e obrigação de fazer por Minas, além da total confiança da presidente, e nada foi feito”. Ao Hoje em Dia, ele se intitulou “empregado dos mineiros”, chamou o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) de “Sind PT” e negou que escândalos como o de peculato e lavagem de dinheiro na campanha para a eleição de 1998 possam arranhar a imagem de Pimenta. Para ele, a verdade é “aliada” de sua coligação, que tem “muitas coisas boas para mostrar dos avanços em Minas”.      Em que o sr. pode ajudar na campanha do Pimenta, como candidato a vice? Qual o diferencial?   Acho que posso ajudar não só o Pimenta, mas Minas Gerais. Pode-se esperar de mim trabalho, dedicação, força de vontade, um desejo enorme de que Minas siga na estrada da paz, prosperidade e, acima de tudo, da justiça social. Minas está no rumo certo. Isso é importantíssimo a gente frisar. A partir da chegada de Aécio e Anastasia, Minas teve a oportunidade de experimentar e conhecer um modelo inovador de administração pública, o choque de gestão. As diretrizes, os pilares aí já se encontram. O fundamental agora é, dentro desta linha de pensamento que deseja o governador Pimenta, evoluir, lapidar ainda mais.    Qual é o principal papel de um vice?   A minha ação é mais secundária. Pimenta é altamente qualificado, experiente, participou de momentos precioso da história política brasileira com dedicação, sempre com dedicação, coragem cívica. Ele tem uma vida pautada pela ética, pela decência. Um vice como eu trabalha muito. Esse é o papel do vice. Trabalho é inerente à minha vida. O trabalho me dignifica, me empurra, eu até procuro salientar, de forma incansável, que sou empregado dos mineiros. Como empregado, eu tenho que me qualificar, tenho que ser decente, tenho que me pautar pela ética, tenho que dar toda a minha contribuição para que a vida dos mineiros possa melhorar, especialmente dos pobres, dos mais carentes. Foi assim que eu fui chamado pela vida pública, no ambiente que eu fui criado. Meu saudoso pai foi vereador, foi prefeito, carrego no peito esse sentimento municipalista. O Brasil tem que passar por grandes reformas estruturantes, sobretudo para uma repartição federativa que possa dar condições aos Estados e aos municípios, que estão em situação de dificuldades. Só no ano passado essa ânsia desmedida do governo federal por recursos acabou por subtrair dos municípios mineiros algo em torno de R$ 1 bilhão.    Focando no quadro atual do Estado, o que o sr. pode dizer sobre as críticas de que a economia mineira é baseada em commodities? Quais os planos para desenvolvimento?   Minas tem buscado o conhecimento, a pesquisa. Eu até vi essa reportagem do candidato a vice (Toninho Andrade, do PMDB), as manifestações do Pimentel e estou estarrecido com a falta de conhecimento deles sobre a realidade do Estado. Eles lá estava como ministros da presidente Dilma, com relação de fraternidade, amizade e de confiança plena. Eles tiveram não só a obrigação de fazer como as condições para isso. E nada fizeram. Isso que eu acho interessante, isso me causa estranheza. É esse plano de desenvolvimento federal que eles querem para Minas? Eu não quero, de verdade. Olha o quadro do Brasil que nós estamos vivenciando: juros altos, carga tributária explosiva – dentre os países emergentes é a maior – crescimento pífio, aliás, algo assustador, é o terceiro maior crescimento da era Republicana. Só ganhou dos governos Floriano Peixoto e Collor. E só para coroar isso que eu estou falando: O plano Real foi a grande conquista do povo brasileiro. Muito mais que um plano de reforma monetária, ele foi um plano de modernização do Brasil, de desenvolvimento.    Agora, esse plano de desenvolvimento que está sendo pregado pelo Pimentel e pelo Andrade nós deixa chocados com a inflação que estourou o teto da meta. A inflação é algo que corrói o sonho das famílias brasileiras, principalmente os mais pobres. Então eu fico pensando que desenvolvimento que é esse que eles querem implantar em Minas?    Minas enfrenta hoje duras críticas em relação à saúde e educação, com os Hospitais Metropolitanos, a questão do piso do professor, Lei 100. O que será feito, se eleito?    Saúde é comigo mesmo. Você se lembra quando o povo brasileiro foi às ruas externar a sua indignação e sentimento de repulsa, em junho de 2013? O que era: a falta de qualidade de serviços públicos, sobretudo da saúde. O Brasil foi alçado à sétima economia do mundo. Hoje, 75 países promovem mais investimentos na saúde que o Brasil. Se você fizer um paralelo com Argentina, com tantos outros países, o Brasil investe 385 dólares per capita, ano. Argentina investe 757 dólares, Costa Rica, 709 dólares, Chile, 479 dólares. Ou seja, a saúde no Brasil está no buraco por falta de participação, de responsabilidade e de generosidade do governo federal. Em 1990, dos recursos públicos investidos na saúde, o governo federal arcava com 70%, Estados e municípios com 30%. Passaram-se 24 anos e a equação se virou por completo: o governo federal arca só com 30% e Estados e municípios são obrigados a investir o restante. A Assembleia de Minas, sempre conectada com o cidadão, com os mais pobres, transparente, fez uma das cruzadas que eu considero uma das mais patrióticas e que muito me emocionou naquele instante: fizemos caminhada por Minas e pelo Brasil com o propósito de coletar assinaturas – o Brasil coletou 2 milhões de assinaturas e só Minas Gerais coletou 1 milhão de assinaturas – para a apresentação de um projeto de iniciativa popular para que o governo federal possa investir 10% da receita bruta na saúde, ou seja, possa cuidar do cidadão. E é bom lembrar também que a presidente Dilma vetou, há cerca de 4 anos, a PEC 29. Mas enfim, mesmo diante desse cenário de dificuldade, o Estado se sobressaiu. Tem a melhor saúde do Sudeste, agora é fundamental que se tenha uma ação solidária, coletiva, de Estados, municípios e governo federal. Minas está regionalizando a saúde, implantou o Pro-Hosp, está construindo Hospitais Regionais, valoriza a carreira dos médicos, mas o fundamental é que a gente possa contar com o apoio de quem tem a maior parcela dos recursos.    E sobre a educação, deputado?   Se você for olhar os números, Minas devia participar, há três, quatro anos, com algo em torno de R$ 6 bilhões e deu um salto de R$ 10 bilhões. O ganho real dos professores atingiu algo em torno de 75%. A inflação chegou a 28% ou 29%. Minas avançou, melhorou, construiu escolas, reformou, deu um teto mais digno mais adequado para o professor. E hoje, para o orgulho de todos nós, podemos falar que Minas tem a melhor educação do Brasil. Eu vejo com muita alegria, porque sou filho de professora. Estou vendo o Pimenta da Veiga cada vez mais enfatizando a necessidade de dar um salto de qualidade na educação de Minas, de continuar avançando. Não pode é retroceder e o mineiro não quer isso. Hoje, o Brasil investe 5% do PIB em educação, tão somente 1% é do governo federal, aí se vê também o descaso com o povo brasileiro.    Sobre segurança, Pimenta da Veiga tem criticado a falta de policiamento nas fronteiras, enquanto o PT, de outro lado, diz que há sobrecarga dos municípios para por exemplo, manter as viaturas da PM. Como o sr. avalia isso?    Quero aqui louvar a participação dos municípios, sempre solidários, amigos, compreensivos. Meu sobrinho é prefeito (Pinheirinho, do PSDB de Ibirité, na Grande BH), o mais jovem de Minas. Agora, por outro lado, o candidato do PT ele fica falando, prometendo, nunca vi tanta promessa assim, que haverá um programa de segurança extraordinário em Minas Gerais. Vamos ponto por ponto: Minas é o Estado que mais investe proporcionalmente. Aí eu volto a fazer o mesmo questionamento de antigamente: será que esse candidato do PT quer implantar aqui o modelo de segurança nacional? O Brasil possui hoje 11% dos assassinados do mundo, um dos maiores índices de criminalidade do mundo. Dos recursos investidos em segurança pública, o governo federal investe apenas 13%. Isso é priorizar a segurança pública? Não deu certo lá e quer implantar aqui? O governo federal não cumpre nem suas obrigações com o Fundo Penitenciário e o Fundo de Segurança Nacional. Já a ALMG instituiu de forma inédita, a Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack.   As pesquisas de intenção de votos apontam que ainda é alta a margem de eleitores indecisos e em descrédito com a política. Como reverter e atrair essa parcela?   A campanha está se aproximando, a conversa vai despertando interesse, o eleitor vai ficando mais participativo. O mineiro tem uma consciência política extraordinária. Aqui é berço. Celeiro de grandes políticos. A partir do momento que esse debate for mais intenso e se iniciar na televisão, o mineiro vai participar de forma muito inteligente, decidida, de forma muito patriótica. E vai ter um sentimento de emoção fabuloso, porque pela primeira vez vão ter a oportunidade de eleger um presidente da República mineiro, que conhece a nossa gente, que tem berço, princípios, foi um grande governador.    A campanha do PSDB e do PP será pautada em denúncias sobre o outro lado? Como vai se preparar para rebater aeroportos, por exemplo?    Eu acredito na campanha propositiva. Avançou, está avançando com Aécio, Anastasia, Alberto, agora Pimenta. Temos tanta coisa boa para mostrar... Eu fico olhando o meu trabalho, como empregado dos mineiro, a minha vida, o meu início, o meu compromisso com os mineiros, com os mais pobres, a minha gestão à frente da ALMG, agora é claro, a gente tem que promover aqui um debate de ideias, sempre comprometida com a verdade, que é minha companheira inseparável, assim como a ética. Então haverei sempre, em qualquer debate, de mostrar os avanços que Minas experimentou, o tanto que Minas deverá avançar. Você já imaginou: governador Pimenta da Veiga e presidente Aécio Neves? Nós vamos ter oportunidade de fazer um novo Brasil.    O que o sua coligação fará em relação à dívida de Minas com a União?    O que o governo federal está fazendo com diversos Estados é algo inaceitável. Cobrando juros do povo mineiro, promovendo uma verdadeira agiotagem. Quem está pagando é você, somos todos nós. O candidato do PT lá estava como ministro, tinha a obrigação de fazer algo e nada fez. Onde já se viu, Minas esse ano vai pagar R$ 6 bilhões a título de juros e correção monetária. Já foram pagos R$ 20 bilhões ou R$ bilhões e ainda temos cerca de R$ 70 bilhões a pagar. O candidato do PT fica pregando que Minas tinha que abater essa dívida. Eu penso o contrário, ainda bem que eu penso de forma diferente. O mineiro não pode se sujeitar a essa agiotagem não. Aqui é a terra de Tiradentes, de Tancredo, de JK. O governo federal não tem sensibilidade com os Estados, não se preocupa com a qualidade de vida das pessoas. Foi essa a conclusão a que cheguei.    E a velha demanda da expansão do metrô da capital?    É uma prioridade absoluta do Pimenta da Veiga. T em 13 anos que o governo federal fala que vai fazer metrô, nem um metro, cadê? Eles não fizeram metrô em lugar nenhum. Eles ficaram 13 anos e agora que eles estão falando que aqui não têm projeto? Engraçado. A única coisa que eu sabia é que eles queriam fazer um trem-bala de R$ 40 bilhões. Não implantaram BRT, monotrilho, não fizeram metrô. Agora o prefeito Marcio em parceria com o Estado conseguiu implantar o Move. Estamos muito confiantes na eleição de Aécio, para investir no metrô.    O apoio de Lacerda a Pimenta surpreendeu sua campanha?    Não. Ele já tinha dado declarações, ele já tem tido parcerias extraordinárias com o governo de Minas. É um gestor altamente qualificado, preparado, e ele quer, com certeza, como bom mineiro, que Minas continue avançado, até porque ele tem uma vida muito limpa, pautada pela ética. Aí se vê uma comunhão de princípios e de ideias, desse grupo político liderado por Aécio, Anastasia, Alberto. Existe afinidade, troca de experiências nas administrações.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por