Polícia Federal deflagra quarta fase da operação Acrônimo

Hoje em Dia
16/12/2015 às 09:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:21
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

A Polícia Federal em São Paulo e Brasília desencadeou nesta quarta-feira (16) a quarta etapa da operação Acrônimo, que tem como principal investigado o governador Fernando Pimentel (PT). Em Belo Horizonte, os federais estão colhendo depoimento de testemunhas do inquérito, que corre em segredo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo em vista que Pimentel detém foro privilegiado por prerrogativa de função. Hoje à noite, Pimentel participa de um ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PP) na UFMG.

 

A nova etapa da Acrônimo tem como alvo o presidente da Aliança Administradora de Benefícios de Saúde, Elon Gomes, detentor de 40% das ações da empresa. Os outros 60% pertencem à Qualicorp Administradora de Benefícios S. A. A ação da PF não envolve nenhuma das duas empresas, somente o executivo.

 

Segundo o advogado Eduardo Toledo as buscas foram feitas na residência do empresário em Brasília, onde a PF recolheu extratos bancários, computador e telefone celular. O criminalista afirmou ainda que não conhece os termos do mandado de busca e apreensão na casa de seu cliente porque o STJ colocou sigilo por 24 horas.

 

Elon Gomes já foi alvo da Acrônimo, em outra etapa, na ocasião ele foi afastado do conselho de administração da Aliança, porém continua na presidência. Ele é suspeito de ter repassado dinheiro, por meio da empresa Support Consultoria, para Benedito de Oliveira Neto, o Bené, suposto operador do governador Fernando Pimentel, durante a campanha do governo de Minas Gerais em 2014.

 

Os recursos repassados pela Support Consultoria no total de R$ 750 mil foram pagos a duas consultorias Brigde e BRO. Essas empresas, conforme a PF, são de fachada. Elas também teriam sido usadas, segundo o inquérito da Acrônimo, para a venda de portarias que favoreciam montadoras de veículos no Ministério do Desenvolvimento.

 

 

Terceira fase

 

Em outubro, a PF deflagrou a terceira etapa da Acrônimo em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Goiás. Na capital mineira, o novo alvo é o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Mauro Borges, conforme o Hoje em Dia adiantou em primeira mão. A Acrônimo investiga lavagem de dinheiro, desvio de verbas federais e caixa 2 eleitoral.

 

Durante cerca de duas horas, os investigadores realizaram buscas no apartamento de Borges, no Bairro Belvedere, Zona Sul de Belo Horizonte. Foram apreendidos computadores, tablets e celulares. Após a busca e apreensão, ele foi levado para depor na superintendência da PF. Chegou acompanhado de advogado, em um veículo com os vidros pretos. O ex-ministro foi liberado após ter optado ficar em silêncio durante o interrogatório, que durou cerca de 30 minutos.

 

Duas testemunhas escolhidas pela polícia numa academia na vizinhança acompanharam as buscas no apartamento. A ação foi seguida também pelo advogado Marcelo Leonardo, que chegou ao local após o início da operação. De acordo com Leonardo, a apuração envolve o período em que Borges foi ministro, entre fevereiro e dezembro de 2014. Atualmente, Borges é presidente da Cemig.

“Não tem qualquer relação com a Cemig. A polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão e outro de intimação. Houve apreensão de notebooks, tablets e celulares. Tem a ver com o período em que ele foi ministro do Desenvolvimento em 2014. O ministro que acompanha o processo decretou 48 horas de sigilo. Então não posso fornecer outras informações”, declarou o criminalista.

 

Borges sucedeu Pimentel no ministério no ano passado, quando o petista deixou a pasta para se candidatar ao governo de Minas. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, declarou que o governador não tem relação com a terceira fase da Acrônimo. Além de Pimentel e agora Borges, a investigação tem como alvos a primeira dama de Minas, Caroline Pimentel, o empresário Benedito Oliveira, o Bené, ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT), e o assessor especial do governo estadual, Otílio Prado, entre outros.

 

Em São Paulo, segundo informações do "Estadão", os federais estão na empresa Marfrig. Em outras unidades da federação eles também cumprem mandados nas empresas Odebrecht, Casino, CBF e Gol.

Despacho do ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, mostra que a Marfrig (representante do Grupo Casino), a Pumpido e a Hyundai Motor são investigadas na Acrônimo. "Penso que não há como negar repercussão dessa investigação sobre possíveis ilícitos praticados por prepostos dessas pessoas jurídicas com outros envolvidos", diz trecho do despacho. A investigação corre no STJ, pois o governador tem foro privilegiado.

(Com Estadão Conteúdo)

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