Presidente da Odebrecht faz referência a outros políticos na “Lava jato”

Hoje em Dia
22/07/2015 às 06:33.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:01
 (Editoria de Arte)

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Mensagens capturadas no celular do empresário Marcelo Odebrecht revelam o temor dele com o andamento das investigações da operação “Lava Jato” e expõem a relação do maior empreiteiro do país com políticos da situação e oposição. Entre os citados nas conversas cifradas, aparecem as iniciais “FP”, que, segundo os investigadores da Polícia Federal (PF), trataria-se do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).

Procurada nessa terça-feira (21), a assessoria de imprensa do governador informou que ele não iria comentar as citações no celular do empreiteiro. Na mesma conversa, Odebrecht supostamente se refere a GA, AM, MT, Lula e ECunha.

Para os investigadores, GA seria uma referência a Geraldo Alckmin (PSDB-SP), governador de São Paulo, ou Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff e atualmente conselheiro da Itaipu Binacional.

As demais iniciais podem ser de Michel Temer (PMDB-SP), vice-presidente da República; Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente; e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, respectivamente, segundo sustentam os investigadores. Já AM, de acordo com os federais, seria Adriano Sá de Seixas Maia, diretor jurídico da Odebrecht.

O juiz Sérgio Moro deu prazo até esta quinta-feira (23) para os advogados da empreiteira explicarem as anotações. As iniciais são precedidas da expressão “Vazar doação campanha”.

Ex-ministro de Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, o governador mineiro não consta na lista de políticos investigados no chamado Petrolão, o esquema bilionário de desvios de verbas da Petrobras. O mesmo ocorre com ex-presidente Lula, com o governador Alckmin e com Temer.

Pimentel é investigado na operação Acrônimo da PF, que apura suposto desvio de verbas, lavagem de dinheiro e caixa dois no esquema operado pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené.

Collor e Renan

Já o deputado Eduardo Cunha, por sua vez, é alvo da “Lava Jato”, juntamente com outros 47 políticos, entre eles o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O telefone de Odebrecht, que cumpre prisão preventiva, foi apreendido pela PF em 19 de junho. As informações do relatório, concluído no último dia 18, foram utilizados pela PF como base para indiciar Odebrecht e outras sete pessoas nesta segunda-feira.

O relatório encaminhado ao MPF afirma que anotações feitas pelo empresário em seu celular mostrariam a influência que exercia com autoridades em “meio a interesses comerciais” do grupo. As anotações incluíam nomes de autoridades públicas, doações e“pagamentos diretos”.

O documento diz ainda que Odebrecht tinha como espécie de “plano B” usar “dissidentes” da própria PF. “Trabalhar para parar/anular”, dizia um dos itens avaliados pelos agentes: “Chama atenção esta última alternativa, cuja intenção explícita de Marcelo Odebrecht, conforme suas próprias palavras, é parar/anular a operação ‘Lava Jato’, não cabendo aqui outra interpretação, uma vez que a operação está indicada pela sigla LJ como assunto das anotações”, afirma o relatório.

Os agentes escreveram em seu relatório que Odebrecht teria a intenção de usar os “dissidentes” para de alguma forma atrapalhar o andamento das investigações. Não foi possível esclarecer a que se referia a tática “Noboa”.

A palavra “swiss” aparece com frequência nas anotações do celular de Marcelo Odebrecht, numa referência à Suíça. Os policiais federais investigam supostos pagamento e contas mantidas naquele país
 

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