Polícia prende falso médium que atendia na Praça 7 e tinha mala com R$ 250 mil em casa

Mariana Durães
27/12/2018 às 11:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:46
 (Reprodução/Vídeo)

(Reprodução/Vídeo)

A Polícia Civil de Minas Gerais apresentou, nesta quinta-feira (27), um homem que fingia ser médium para aplicar golpes em Belo Horizonte. O suspeito de 55 anos atuava em uma sala comercial nas proximidades da Praça 7, no Centro da cidade. Uma comparsa atraía as vítimas na rua e as levava ao consultório, alugado em nome de uma terceira pessoa. Todos estão sendo investigados. 

A PC chegou ao homem, que utilizava o nome Antônio e os codinomes “mestre Antônio” e “mestre Alves”  após denúncias de uma idosa de 71 anos. Na casa dele, que fica no bairro Castelo, região da Pampulha, uma mala contendo R$ 250 mil, outros documentos e um carro foram apreendidos. 

Nas consultas, após conquistar a confiança das vítimas e conhecer a história delas, ele oferecia um “tratamento espiritual" durante o qual utilizava, inclusive, truques de mágica, atividade que ele tinha conhecimento suficiente. Segundo os investigadores, ele possuía uma carteirinha da Associação dos Mágicos de São Paulo. Além disso, para ganhar credibilidade e confiança, mostrava fotos dele com outras entidades religiosas conhecidas. As imagens na verdade eram montagens. Ele utilizava o documento de identidade de um irmão. 

Além dos golpes, ao ser abordado no último dia 19, ele ofereceu R$ 20 mil aos policiais para não ser preso, mas foi detido em flagrante por corrupção ativa. No momento em que foi encontrado ele se preparava para fugir. Depois, confessou os atos, que eram praticados em BH pelo menos desde 2012 e há cerca de 20 anos em outras localidades. Conforme os investigadores ele era da cidade de Goianinha, no Rio Grande do Norte.

Pela prisão em flagrante, ele seria liberado e responderia em liberdade. No entanto, foi levantado pela polícia um outro mandado de prisão, de 2016, no departamento de fraudes, também pelo crime de estelionato.O Auto de Prisão em Flagrante (APF) será encaminhado do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) para o Departamento de Fraudes, que vai prosseguir com as investigações. 

Pelo menos sete outras vítimas, todas dentro do perfil de idoso aposentado, foram identificadas. Conforme os investigadores, o número de pessoas enganadas pode ser ainda maior, já que muitos, mesmo quando percebem o golpe, não fazem boletim de ocorrência por vergonha de admitir o que aconteceu e medo de contar para a família.

“Essa idosa mesmo, só foi explicar aos familiares o que aconteceu depois que ele foi preso e o dinheiro recuperado. Ela chegou realmente muito constrangida, envergonhada por ter sido enganada”, explicou o delegado Sérgio Belizário.

Entenda o caso

A professora aposentada foi abordada na rua por uma comparsa do homem, que disse conhecê-la por trabalhar em uma famosa rede de farmácias da capital mineira, o que não era verdade. "Na conversa ela acabou contando de um problema na coluna, que não teria melhorado mesmo com os remédios. A mulher, então, disse que a mãe já havia consultado com este homem, que a curou gratuitamente, com um óleo", explicou um dos investigadores.

Já no primeiro contato com "Antônio", a professora aposentada contou ao criminoso que além dela, uma filha tinha problemas de enxaqueca e o marido, um ex-funcionário do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), uma doença degenerativa. Desde o dia 29 de novembro, por cerca de 10 dias, ela se consultou com o falso médium.

Entre saques que variavam de R$ 5 mil a R$ 49 mil, a idosa entregou ao homem um total de R$ 284 mil. O dinheiro, recuperado em uma mala na residência do estelionatário, foi devolvido à mulher.

Truques

O primeiro truque usado com a vítima foi pedir que ela levasse uma garrafa d'água da torneira de casa. No consultório, ele despejou o líquido em uma bacia que já tinha reagentes químicos, resultando em um conteúdo vermelho. Depois, em outro recipiente, ele mergulhou uma folha de papel branca, que ao ser retirada tinha a imagem de um caixão.

No terceiro encontro, ele pediu que a idosa levasse uma maçã, uma banana, uma laranja e um mamão, dentro do qual ele colocou um chumaço de cabelo e um pedaço de uma nota de R$ 50. Segundo ele, isso indicava que os problemas de doenças da família estavam relacionados a dinheiro. Com o pretexto de "purificar", pediu  a ela um extrato bancário. A primeira quantia levada por ela foi R$ 5 mil. A instrução dada a ela era de justificar os saques, no banco, como necessários para uma reforma em casa. 

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