Camelôs, os "donos" das passarelas de Belo Horizonte

Danilo Emerich - Hoje em Dia
28/05/2013 às 06:55.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:37

Aproveitando-se da fragilidade da fiscalização da prefeitura, ambulantes de Belo Horizonte encontram nas passarelas de intensa movimentação um ponto ideal para o comércio. Porém, esse tipo de atividade, única forma de sustento para muitas famílias, acaba por atrapalhar a função principal do equipamento público: a travessia dos pedestres. Há casos em que é preciso se espremer para transpor o “shopping” ao ar livre.

Em alguns locais, ambulantes se instalam nos horários de pico, pela manhã e à tarde. É o caso das passarelas das estações do metrô Carlos Prates, Lagoinha, Santa Efigênia e Minas Shopping. A oferta de produtos, variada, inclui cigarros, brinquedos, alimentos, eletrônicos e roupas.

A prefeitura mantém 400 fiscais para monitorar o cumprimento do Código de Posturas. A atuação, porém, pouco incomoda. Quando os camelôs percebem a presença dos agentes municipais, fogem, não raramente, largando tudo para trás.

Segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, de janeiro a abril, foram lavrados 754 autos de apreensão, uma média de seis por dia. A cada quatro dias, uma multa é aplicada.

Operações da prefeitura para coibir o comércio ilegal surtem pouco ou nenhum efeito. Na sexta-feira, o elevado da Lagoinha, que liga a rodoviária, no Centro, à estação do metrô, foi alvo de fiscalização. Na última segunda-feira (27), porém, sete ambulantes ainda mantinham suas atividades no local.

Obstáculo

Quem utiliza as passarelas se sente incomodado. O consultor Rodrigo Mendes, de 27 anos, acredita que a prefeitura deveria intensificar a fiscalização. A universitária Fernanda Rodrigues, de 27, precisou até pedir licença para passar pelos ambulantes na travessia da Lagoinha. “O fluxo de pessoas é muito grande, e eles atrapalham a passagem”.

Os camelôs se defendem. Gonçalo Onofre, de 43 anos, mantém um “ponto” há sete anos em uma passarela na avenida Cristiano Machado, no bairro Cidade Nova (região Nordeste), onde vende quase de tudo. O carrinho, que ocupa metade da passagem, serve de suporte para guarda-chuvas, calçados, café, pilhas, cigarro, isqueiros, entre outros produtos. “Não atrapalho o fluxo de pessoas”, afirma o ambulante.

O ponto elevado é estratégico para visualizar a aproximação da fiscalização. “Quando vejo os agentes da prefeitura, eu corro. É o jeito para ganhar um dinheirinho”, diz Onofre.


 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por