Campanha do PT omite recibos de despesas com serviço gráfico

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
26/11/2014 às 07:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:10
 (Divulgação)

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A campanha do governador eleito Fernando Pimentel (PT) não declarou parte das despesas contraídas com a Gráfica e Editora Brasil, sediada em Brasília. A firma tem como sócio administrador Júlio de Oliveira, irmão do empresário Benedito de Oliveira, o Bené, detido no mês passado em um avião particular indo de Belo Horizonte para Brasília portando R$ 116 mil em espécie.

Excluindo os valores omitidos, a campanha do petista gastou R$ 3,2 milhões com a Gráfica Brasil, segundo a prestação de contas final do candidato. A despesa foi incluída na conta do Comitê Financeiro Único do Partido dos Trabalhadores. Os dados estão no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas.

Na ocasião da apreensão do dinheiro na aeronave, a Polícia Federal (PF) anunciou a instauração de inquérito para investigar a origem do recurso. Mas, até agora não se tem notícia se os responsáveis pelo transporte do montante foram indiciados. A suspeita é de lavagem de dinheiro.

A omissão de despesas com a Gráfica Brasil foi um dos motivos pelo qual o corpo técnico do TRE-MG opinou pela desaprovação das contas de campanha de Pimentel.

As irregularidades detectadas, entre elas um valor de gasto extrapolado em R$ 10 milhões, serão analisadas pela procuradoria regional eleitoral. O parecer do procurador Patrick Salgado Martins, do Ministério Público Federal (MPF), deve ser divulgado nos próximos dias. Ele vai opinar pela aprovação ou desaprovação das contas. Depois o processo será analisado pelos juízes do TRE.

A falta de documentos da Gráfica Brasil foi considerada pelo corpo técnico do tribunal como sendo uma falha grave.

Após a apresentação da prestação final das contas, foi solicitado documentos que comprovassem as despesas com a gráfica. A defesa do petista, no entanto, não fez a retificação. Assim, quatro notas da Gráfica Brasil caíram na malha fina da Corte Eleitoral.

O outro detido com o empresário Bené no aeroporto de Brasília é Marcier Trombiere Moreira, ex-assessor do Ministério das Cidades. Além de Bené e Mercier, outras três pessoas foram detidas e levadas pela PF para prestar esclarecimentos. Todos foram liberados posteriormente.

Ao todo, a campanha apresentou 52 notas de despesa com a Gráfica Brasil. Os gastos variam. Vão de R$ 1.399 até R$ 334.750. Na planilha, chamam atenção 13 notas de despesas no valor exato de R$ 51.100 cada. Há ainda nove notas de R$ 29.389,50 cada uma.

Com ligações estreitas com o PT, o empresário Bené é considerado um personagem controverso. Em 2010, ele esteve envolvido em montagem de dossiê contra candidatos tucanos. Uma casa no Lago Sul, em Brasília, foi usada como espécie de QG da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). Para PF, ele assumiu o pagamento do aluguel do imóvel.

Bem relacionado, as empresas dele já faturaram contratos milionários com o governo federal, o que fez o Tribunal de Contas da União (TCU) levantar suspeitas de superfaturamento.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da coligação da campanha petista foi lacônica: “Os serviços contratados pela campanha foram entregues e pagos mediante a emissão da nota fiscal correspondente”.

 

Empresa faturou R$ 3,2 mi declarados

A campanha do PT omitiu parte de despesas com a Gráfica Brasil. Declarados, a firma ganhou R$ 3,2 milhões do PT.

A empresa está registrada em nome de Júlio César de Oliveira, irmão do empresário Benedito de Oliveira, o Bené.

No mês passado, Bené foi detido em avião particular, no Distrito Federal, com R$ 116 mil em dinheiro vivo. A PF, na ocasião, abriu inquérito para apurar suspeita de
lavagem de dinheiro.
 

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