Cartel financiou 20 políticos da lista da 'Lava-Jato'

Agência Estado
08/03/2015 às 13:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:16

Pelo menos 20 dos políticos que serão alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Operação "Lava-Jato" receberam, em 2014, doações eleitorais registradas de empreiteiras acusadas de formar um cartel para superfaturar obras da Petrobras. Foram quase R$ 14 milhões, distribuídos a candidatos a governador, senador e deputado federal.

Das 16 empresas que, segundo as investigações da Polícia Federal, teriam participação no cartel, sete fizeram contribuições diretas às campanhas de políticos envolvidos no escândalo.

A lista de contemplados com doações pode aumentar, já que governadores eleitos também serão alvo de pedidos de abertura de inquérito - seus casos serão analisados pelo Superior Tribunal de Justiça. A relação tampouco desvenda todas as apostas eleitorais das empreiteiras.

O levantamento do Estadão Dados se limita à disputa de 2014 porque, antes disso, as empresas podiam fazer as chamadas doações ocultas, nas quais era impossível rastrear as conexões entre financiadores e financiados. Alguns dos investigados - entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) -, foram eleitos em 2010 e não concorreram na disputa do ano passado.

O ranking de contribuições em 2014 é encabeçado por três candidatos a governador, cujas campanhas são mais caras - além disso, se eleitos, eles têm poder de decisão sobre a alocação de recursos para obras, tema de interesse direto das empreiteiras. Os primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL), que concorreram aos governos do Rio de Janeiro, do Paraná e de Alagoas, respectivamente. Nenhum deles foi eleito em 2014. Todos voltaram, portanto, aos seus mandatos no Senado.

Os outros postos são ocupados por 17 deputados e senadores investigados e contemplados por doações do cartel. Nesse bloco, o PP se destaca: 12 dos parlamentares (70,6% do total) são filiados ao partido. Os demais nomes são do PT (3), do SD (1) e do PSDB (1).

Quando o que se observa não é o volume das contribuições, mas o número de financiadores, o primeiro colocado é o senador tucano Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. Ele recebeu doações de cinco das empreiteiras acusadas de formar o cartel da Petrobrás.

Três das empreiteiras da lista são responsáveis por dois terços das doações eleitorais aos políticos agora investigados: UTC Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, nessa ordem. As duas primeiras fizeram, cada uma, doação de valor idêntico à campanha do petista Lindbergh Farias: R$ 1,425 milhão. As doações da Queiroz Galvão foram as mais abrangentes: chegaram a 10 dos 20 políticos da lista do Supremo. A seguir aparecem OAS e UTC, com oito e sete financiados, respectivamente.

O ministro do Supremo Teori Zavascki determinou na sexta-feira a abertura de investigação criminal sobre 50 pessoas, entre elas 22 deputados federais, 12 senadores e o vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Estão na lista cinco ex-ministros do governo Dilma Rousseff (Aguinaldo Ribeiro, Mário Negromonte, Edison Lobão, Gleisi Hoffmann e Antonio Palocci).


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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