CPMI do Cachoeira ouve nesta terça-feira ex-diretor-geral do Dnit

Agência Câmara
28/08/2012 às 10:08.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:48
 (Wilson Dias/ABr)

(Wilson Dias/ABr)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira ouve nesta terça-feira (28) o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. Ele disse em diversas entrevistas que está disposto a colaborar com a CPMI.

Pagot assumiu o cargo de diretor-geral do Dnit em 2007 e foi afastado em 2011, após denúncias de irregularidades que forçaram também a saída do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e abriram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff.

Escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram articulações do contraventor Carlinhos Cachoeira contra Pagot, por ter contrariado interesses da construtora Delta. No dia 10 de maio de 2011, segundo gravações da PF, Cachoeira disse ao então representante da Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, que “plantou” as informações contra Pagot na imprensa. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, diz Cachoeira na gravação.

Em entrevista à revista Época, Pagot afirma; “Os dissabores que eu provoquei devem ter ocasionado uma animosidade. Fui surpreendido por ter sido afastado através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor. E isso serviu de base para que fosse ditado o meu afastamento. É um verdadeiro descalabro.”

Desde que o suposto esquema Cachoeira/Delta veio à tona, Pagot vem denunciando pressões que sofria para ajudar na arrecadação de campanhas eleitorais.


Campanhas do PSDB

Pagot afirma que foi procurado em 2010 para ajudar a fazer caixa dois para campanhas do PSDB (José Serra para presidente e Geraldo Alkmin para governador de São Paulo) e que se recusou a atendê-los.

Ele afirma que recebeu pressões para liberar R$ 264 milhões em aditivos ilegais para a conclusão do trecho sul do Rodoanel, em São Paulo. Segundo ele, em meados de 2009, o então diretor da Dersa, empresa paulista responsável pelas estradas, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, solicitou uma audiência no Dnit (Paulo Preto vai depor nesta quarta-feira na CPMI).

No encontro, Paulo Preto teria levado assessores, engenheiros e um procurador para tentar convencer Pagot a liberar a quantia. Até então, a obra tinha consumido R$ 3,6 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão em repasses da União. Pagot disse que o governo não devia mais nada à Dersa. Quarenta dias depois, teria havido nova reunião, no Palácio dos Bandeirantes, na qual tentaram recolher sua assinatura num Termo de Ajuste de Conduta (TAC), apresentado pelo Ministério Público Federal. “A partir daí começaram as pressões”, disse Pagot à IstoÉ. Ele disse ter sido liberado de assinar o TAC pela Advocacia-Geral da União (AGU).
 

Campanha do PT

Pagot afirmou à IstoÉ ter recebido do tesoureiro da campanha do PT, deputado José De Filippi (SP), em 2010, um pedido para arrecadar recursos junto a empreiteiras. “Cada uma doou o que quis. Algumas enviavam cópia do boleto para mim e eu remetia para o Filippi. Outras diziam ‘depositamos’”, afirmou. As doações, no entanto, teriam sido feitas dentro da lei, de acordo com o ex-diretor do Dnit.

Pagot forneceu à revista detalhes dos encontros com o tesoureiro do PT, José De Filippi. Ele disse que, em meados de 2010, foi chamado ao QG petista, no Lago Sul, onde foi apresentado a Filippi, que lhe pediu ajuda para pedir contribuições às empreiteiras. Dias depois, os dois teriam se reunido no Dnit, onde Pagot lhe apresentou uma lista com cerca de 40 empreiteiras médias e grandes que tinham contratos com o órgão.

Ao analisar a prestação de contas da campanha petista, Pagot identifica ao menos 15 empresas que abasteceram a campanha do PT a pedido seu.

Ouvido pela IstoÉ, Filippi negou as informações . “A conversa tratou da proposta de Pagot de a campanha receber três aviões do empresário Blairo Maggi”, disse Filippi, que negou ter recebido boletos de depósitos. “Num segundo encontro, depois da eleição de Dilma, ficou acertado que Pagot buscaria recursos para saldar dívidas da campanha eleitoral”, admitiu Filippi, segundo a revista.
 

Outro depoimento

Também está marcado para hoje o depoimento do empresário paulista Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplanagem e SP Terraplanagem, entre outras, que teriam recebido aproximadamente R$ 48 milhões da Delta Construções para pagar propinas e financiar campanhas, segundo a Polícia Federal.

Ele obteve habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para permanecer em silêncio.

A reunião será realizada às 10h15, na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.

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