Criminalista diz estar confiante na absolvição de Duda

Tiago Décimo
10/10/2012 às 17:09.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:59

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, um dos advogados do publicitário Duda Mendonça e da sócia dele, Zilmar Fernandes Silveira, diz estar confiante na absolvição dos clientes no julgamento do mensalão, mas questiona argumentações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defende que as sessões não deveriam ser transmitidas ao vivo.

Kakay diz respeitar os votos dos ministros, mas avalia que houve pressão externa no julgamento. "A Corte não está imune à massacrante cobertura feita pela imprensa", afirma o advogado - que antes do início das sessões afirmava não acreditar que fatores externos pudessem interferir nos votos.

De acordo com ele, outro fator que pode ter influenciado nas votações foi a transmissão ao vivo, pela TV Justiça, das sessões. "A TV Justiça é um avanço, mas sua atuação tem de ser repensada", afirma. "Em nenhum país do mundo, há transmissão ao vivo de julgamento criminal."

Kakay também disse ter ficado surpreso com alguns argumentos dos ministros. "Algumas colocações me preocupam, como a do 'não é possível que (o acusado) não soubesse'", declara. "Um julgamento como esse deixa uma série de discussões que serão debatidas depois que ele for concluído."

O criminalista, porém, garante estar "muito otimista" sobre os julgamentos de Duda e Zilmar. Segundo Kakay, "alguns ministros" já se posicionaram favoravelmente aos clientes ao entender, no julgamento de outros acusados, que a suspeita de lavagem de dinheiro não se sustenta por eles não terem conhecimento da origem ilícita dos recursos. "Nem a questão da simulação, já que Duda abriu a conta no nome dele e Zilmar foi a única a assinar recibo após receber o valor."

Sobre a acusação de evasão de divisas, o criminalista adianta estar tranquilo. "Para efeito fiscal, ele (Duda) cometeu uma irregularidade, pela qual já pagou, então está fora", acentua. "Os próprios procuradores não denunciariam esse tipo de situação nem em um julgamento em primeira instância."

Por outro lado, Kakay questionou a intenção, manifestada nesta quarta-feira pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, de unir os julgamentos dos clientes dele aos de outros acusados de lavagem de dinheiro, como o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e os ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e João Magno (PT-MG). "Como o julgamento tem uma lógica de blocos, se você coloca o Duda e a Zilmar juntos com os deputados, você iguala situações que são completamente diferentes", avalia.
http://www.estadao.com.br

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