Delator afirma a juiz que doação oficial ao PT era dinheiro desviado

Estadão Conteúdo
11/09/2015 às 14:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:43

O empresário Augusto Ribeiro Mendonça, do grupo Setal, voltou a afirmar ontem à Justiça Federal, em Curitiba, que fez doações oficiais ao PT que serviram para ocultar propina do esquema de corrupção na Petrobras. Delator da Operação Lava Jato, ele foi ouvido na ação penal na qual são réus o presidente da Andrade Gutierrez e executivos do grupo.

"Foram feitas doações oficiais ao PT a pedido do Renato Duque", afirmou Mendonça. Duque era o diretor de Serviços da estatal, sustentado no cargo pelo PT, em especial pelo ex-ministro José Dirceu.

Mendonça confirmou a prática de cartel e combinação de divisão de contratos entre empreiteiras fornecedoras da Petrobras.

Na semana passada, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, confirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro também ter feito doações ao partido que ocultaram propina. O empresário fechou acordo de delação premiada no mês passado com a Procuradoria-Geral da República.

Mendonça já havia entregue à Justiça Federal os recibos de doações partidárias e eleitorais feitas por suas empresas para o PT entre 2008 e 2012, que, segundo ele, ocultaram valores desviados da Petrobras.

O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto e Renato Duque - presos preventivamente pela Lava Jato - são apontados como peças centrais da lavagem de dinheiro, que transformava recursos ilegais em legais dentro do sistema oficial de repasses para partidos e campanhas.

Mendonça, Vaccari e Duque são réus em outro processo criminal da Lava Jato, em fase final, que envolve o suposto pagamento dos R$ 4 milhões ao PT. No material estão quatro recibos no valor de R$ 500 mil emitidos pelo PT de doações para o Diretório Nacional do partido em 2010. O valor repassado em 7 de abril, quando era dada a largada para a campanha de Dilma Rousseff, foi o mais alto doado dentro de uma lista de 24 repasses partidários e de
campanha listados pelo delator.

Refinarias

Conforme o Ministério Público Federal, teriam sido desviados recursos de duas obras de refinarias (Repar, no Paraná, e Replan, em Paulínia). Foram beneficiados: o Diretório Naciona, o Diretório da Bahia, o Diretório Municipal de Porto Alegre e o Diretório Municipal de São Paulo. A Andrade Gutierrez foi uma
das integrantes dos consórcios que participaram das obras destes empreendimentos.

Primeiro executivo a fazer delação premiada com a Operação Lava Jato, em 2014, Augusto Mendonça confessou que pagou propinas "acertadas com Duque" em forma de doações oficiais.

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