Ex-executivo da Odebrecht aponta pagamentos milionários a codinome atribuído a Aécio

Daniele Franco*
12/02/2019 às 15:09.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:31
A denúncia contra Aécio Neves foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República, que chegou a pedir a prisão do tucano, em 2017 (Wilson Dias/Arquivo Agência Brasil)

A denúncia contra Aécio Neves foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República, que chegou a pedir a prisão do tucano, em 2017 (Wilson Dias/Arquivo Agência Brasil)

Uma nova delação prestada à Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato cita o codinome atribuído ao deputado federal Aécio Neves (PSDB) pelos investigadores. Desta vez, o depoimento do ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira e Silva aponta "Mineirinho" como assunto de uma reunião entre outros dois executivos da empresa para tratar de pagamento de propina. Segundo o delator, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Henrique Valladares, se reuniu com o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, a fim de discutirem o pagamento a "Mineirinho" para que "influenciasse o andamento dos Projetos do Rio Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia) atendendo aos interesse do grupo e da Andrade Gutierrez".  O inquérito para o qual Silva foi ouvido investiga o suposto pagamento de R$ 30 milhões da Odebrecht para o tucano - R$ 28,2 milhões em dinheiro entregue em uma sala comercial em Ipanema, no Rio, e US$ 900 mil em pagamentos no exterior. Esse valor teria sido usado para que Aécio cumprisse os interesses das empresas. O pagamento, segundo os delatores da Odebrecht, teria sido operacionalizado por Dimas Fabiano Toledo. Silva, além de atividades relacionadas à gerência de recursos humanos, também era responsável por realizar a programação dos pagamentos de caixa 2 da área de energia da Odebrecht. O delator teria contado a PF que, em pelo menos duas oportunidades, Henrique Valladares teria pedido para que ele verificasse a situação dos pagamentos feitos ao "Mineirinho". Enquanto solicitava a verificação, Valladares estaria reunido com Toledo para falar sobre os pagamentos, contou Silva. De acordo com o relatório da PF, que cita nominalmente o então senador Aécio Neves como destinatário dos pagamentos, o delator teria afirmado que "ao chegar na área de energia, recebeu uma planilha de José Carlos Grossi contendo pagamentos relacionados ao Projeto Madeira, que estava em andamento".

Defesa

O advogado de Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, respondeu através da assessoria de imprensa do deputado, que "em seu depoimento, o Sr. Ênio Pereira, funcionário da Odebrecht, sequer cita o nome do deputado Aécio Neves, a quem não conhece, e tampouco faz qualquer ligação do deputado ao codinome apresentado". Toron ainda afirma que a defesa confia no arquivamento do inquérito, uma vez que, depois de dois anos de investigações, nenhum elemento foi encontrado para vincular o parlamentar mineiro às denúncias.

Sobre Dimas Toledo, seu advogado Rogério Marcolini afirmou que o cliente conheceu Henrique valladares como executivo da Odebrecht quando era diretor de Furnas mas teve pouco contato à época. ""Depois que deixou a empresa, não tratou de qualquer negócio com referido senhor, com quem teve apenas encontros sociais. Dimas jamais esteve com Henrique Valadares para tratar de assuntos de interesse de Aécio Neves ou de "Mineirinho", não tendo conhecimento do apelido ou de quem poderia ser chamado por tal alcunha", afirmou, em nota.

(*Com Estadão Conteúdo)

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