Deputados explicam falta à sessão que cassou Natan Donadon

Márcio Falcão e Ranier Bragon - Folhapress
13/02/2014 às 15:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:00

BRASÍLIA - A maioria dos deputados que deixou a Câmara antes da votação que cassou o mandato de Natan Donadon (sem partido-RO) alegou compromissos partidários em seus redutos eleitorais para faltar à sessão. Entre as justificativas também estão problemas de saúde e até uma comemoração de aniversário em Paris.    Preso há quase oito meses por desvio de recursos públicos, Donadon perdeu o mandato com o apoio de 467 deputados - 210 a mais do que o mínimo necessário, que é 257-, e nenhum pela absolvição. Outros 17 deputados registraram presença na sessão e não votaram e mais 27 não votaram nem registraram presença.    Essa foi a primeira vez que o Congresso analisou a perda de mandato de um parlamentar em votação aberta. Em agosto de 2013, os deputados tiveram outra postura, com votação secreta, e livraram Donadon da cassação.    Dos 17 que deixaram a Câmara, oito alegaram compromissos no Estado: Zequinha Marinho (PSC-PA), Mario Negromonte (PP-BA), Júnior Coimbra (PMDB-TO), Genecias Noronha (SDD-CE), Manoel Júnior (PMDB-PB), Lael Varella (DEM-MG), Magda Mofatto (PR-GO) e Welignton Roberto (PR-PB).    Varella afirmou que deixou a capital no início da tarde para uma agenda em Belo Horizonte e retornou para Brasília, mas não conseguiu chegar ao Congresso a tempo da votação.    "Eu tenho muita responsabilidade e sei bem que tinha que cassar o Donadon. Mas eu tive esse compromisso e quando voltei para a Câmara a votação já tinha sido encerrada", disse Varella. "Agora, eu tinha certeza que iria ocorrer a cassação. Depois do vexame que a Câmara passou no ano passado, isso não iria se repetir de novo", completou.    Negromonte também usou como justificativa uma reunião partidária na Bahia para se ausentar. Ele deixou a Câmara no início da noite e negou qualquer resistência ao voto aberto. "Eu sou a favor do voto aberto, não tenho problema nenhum, mas eu tinha esse compromisso partidário", disse.    O temor de perder um voo para Paris onde vai comemorar seu aniversário de 63 amanhã fez o deputado Vilmar Rocha (PSD-GO) deixar a Câmara mais cedo sem se manifestar sobre a cassação de Donadon. Segundo sua assessoria, ele ficou preocupado com o tumulto no trânsito provocado por um protesto do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) que tomou conta ontem da região central da cidade.   Paes Landim (PTB-PI) disse que não votou em "protesto". "Foi um sinal de protesto. Se o Supremo condenou, mandou prender, eu vou julgar o Supremo? Não. Se mandou prender, não tem mais mandato. Essa votação é um desrespeito ao Judiciário."    O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que responde ao processo do mensalão tucano no Supremo Tribunal Federal, argumentou, por meio de sua assessoria, que deixou a Casa no início da tarde porque ainda se recupera de uma crise de pressão alta. Ele está de atestado médico.    Colbert Martins (PMDB-BA) não compareceu à sessão nem foi ao plenário porque logo pela manhã teve um problema nos olhos e foi atendido pela equipe médica da Casa. Segundo a assessoria, ele foi aconselhado pelo médico a se ausentar por motivos de saúde.    Os deputados Anibal Gomes (PMDB-CE), Renato Andrade (PP-MG), Rubens Otoni (PT-GO), Vilmar Rocha (PSD-GO), Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) e Amir Lando (PMDB-RO), suplente de Donadon, não foram localizados.    Cassação automática    O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), evitou polemizar com as ausências e com os parlamentares que deixaram a Casa antes da votação. "Eram presentes na casa desde manhã, não quer dizer que estivessem à noite, mas foi um quórum muito expressivo que sei que o Brasil testemunhou", disse.    Alves desconversou sobre a resistência dos deputados de votaram uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que torna automática a cassação de congressistas condenados na Justiça por crimes de improbidade administrativa ou contra a administração pública.    Se a proposta for aprovada, não será mais necessário, nesses casos, que a Câmara dos Deputados e o Senado votem em plenário o processo de cassação. Ontem, PT, PMDB e PDT pediram vista adiando a votação da proposta em uma comissão especial da Câmara. O texto ficou conhecido como PEC dos mensaleiros.    "A hora que a Constituição for reformada, for alterada, for mudada, muda logicamente esse enfoque constitucional. Aí é respeitar tanto hoje quanto amanhã a nossa Constituição. Hoje é esse o procedimento", disse.

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