Dilma apela a sindicatos e movimentos sociais para evitar manifestação no domingo

Estadão Conteúdo
08/03/2016 às 19:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:43

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a reunião de coordenação política, nesta terça-feira (8) para apelar a todos os ministros e aos partidos que eles representam, especialmente o PT, que cancelem os eventos marcados para o próximo domingo, pelo menos nas cidades onde já existem eventos agendados, a fim de evitar violência e graves confrontos. Principal preocupação da presidente é com a segurança neste tipo de manifestação. O governo não quer que ocorra "de jeito nenhum" um confronto direto entre militâncias contrárias porque teme um desfecho trágico de episódios como este.

Dilma diz estar "muito preocupada" com esta possibilidade, dado aos acirramentos dos ânimos, desde a última sexta-feira, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado coercitivamente à Polícia Federal para depor, e convocou a militância para ir para às ruas defendê-lo. A presidente apela aos partidos e às centrais sindicais, embora reconheça que não tem controle direto sobre elas, para que evitem as manifestações no domingo e escolham outro dia para protestarem.

Seguindo a orientação da presidente, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoíni, reuniu-se logo após o encontro com os líderes da base aliada e replicou o apelo de Dilma. Pediu a todos que conversem com suas bases para que cancelem as manifestações, não aceitem provocações e evitem o enfrentamento. O Planalto teme que o governo e o próprio PT possa ser responsabilizado, caso haja conflitos, prejudicando ainda mais a imagem de ambos.

O governo age para "evitar a "exacerbação de conflitos" e "segurar as rédeas", inclusive da militância que, em muitos casos não admite não ocupar espaço para se defender neste momento de grave crise política. Também procura os governadores dos Estados para pedir que acompanhem as manifestações e que as Polícias Militares sejam empregadas o quanto antes, para garantir a segurança de todos e evitar os conflitos. Na última segunda-feira, 7, Berzoini e Jaques Wagner já haviam conversado com o presidente do PT, Rui Falcão, no Planalto, sobre esta preocupação.

União

Na reunião de coordenação política, a presidente e os ministros da Casa deixaram transparecer para os demais que a preocupação com o impeachment aumentou e este é um momento em que é preciso união da base para enfrentar este problema. Dilma disse que o momento "é grave" e, por isso, insistiu com ministros, parlamentares e ligados a partidos que ajudem a manter a unidade, para evitar defecções, neste "momento delicado e difícil". Dilma quer evitar a "divisão do País" e salientou que o governo precisa de "paz" para enfrentar a crise. Reiterou ainda que a crise econômica só será resolvida quando a crise política for contornada.

Na avaliação do Planalto, a semana transcorrerá mais em função das mobilizações de domingo e de evitar maiores problemas, do que de trabalhar para conseguir aprovar medidas. Mais ainda porque, no sábado, 12, a reunião do PMDB poderá ser um novo fator de desgaste, caso a maioria seja favorável ao desembarque da base. O Planalto trabalha para evitar isso, a qualquer custo. Todos no governo trabalham para evitar que se coloque em votação na reunião do PMDB as moções a favor da saída da base. Não há previsão de encontros ou conversas de Dilma com o vice-presidente Michel Temer, mas há quem defenda que essa aproximação precisa ser feita antes da convenção do partido. A presidente ainda não se convenceu disso.

O apelo aos parlamentares da base em relação ao impeachment, que muitos integrantes do governo consideram mais próximo, é para que se enfrente esta discussão política e esta "guerra política", na defesa do governo Dilma. Para dar munição, a presidente voltou a falar sobre a sua defesa em relação ao que foi dito pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), em negociação de delação premiada. Ela defendeu ponto por ponto para municiá-los e insistiu que o momento é de "compreensão", "união" e "unidade".
 

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