Em último debate antes das eleições, clima esquenta e candidatos trocam ataques e acusações

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
30/09/2016 às 01:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:02
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Pegou fogo o último debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, realizado nesta quinta-feira (29), pela TV Globo. Na reta final das eleições, os políticos não pouparam agressões. As parcerias para o segundo turno também ficaram mais claras. Após ter a postura elogiada por Rodrigo Pacheco (PMDB), que afirmou desejar estar no segundo turno com João Leite (PSDB) para debater em um nível mais alto, o tucano respondeu ao afago. “Penso em, se for eleito, adotar algumas das suas ideias”, disse. Apesar da 'gentileza', os ânimos estavam exaltados. Mais uma vez, Alexandre Kalil (PHS), segundo lugar nas intenções de voto nas pesquisas, foi alvo dos ataques.
 
Ainda no primeiro bloco, Luis Tibé (PTdoB) questionou a capacidade do ex-presidente do Atlético de gerir a cidade. “Você diz que não é empresário, mas quebrou a própria empresa. Você votaria em alguém que quebrou a própria empresa?”, alfinetou. No começo da semana, a Justiça decretou falência da Erkal Engenharia, empresa do ex-presidente do Atlético, por dívida de R$ 88 mil. O fato de Kalil ter recolhido INSS dos empregados e não ter repassado ao governo também foi explorado pelo rival. O candidato recorre da decisão da Justiça sobre a falência.
 
Injustiçado
Kalil se defendeu dizendo que é um homem de “mãos limpas” e que foi “injustiçado”. “Sobre a falência, quem tem que explicar é quem a provocou a uma semana da eleição. Eu sou pobre como o eleitor. O candidato (Tibé) não sabe o que é isso porque ele é deputado federal. E o que importa à população se eu devo IPTU?”, questionou.
 
Na tréplica, novo ataque. Tibé afirmou que dever o IPTU não seria o problema. “O problema é dever com quatro motos importadas na garagem. O problema é dever IPTU e ter carro de R$ 350 mil na garagem. Dever não é pecado. Pecado é ter dinheiro e não pagar o que deve”, acusou.
 
Ironia
Kalil também foi alvo de críticas pelo conhecido temperamento explosivo. Segundo Tibé, um gestor incapaz de dialogar com as esferas Federal e Estadual não conseguirá trazer verbas para a saúde e para a educação. Em seguida, fazendo uma referência à sonoridade do nome “Kalil”, o candidato do PTdoB afirmou que “Faliu é alvo de 372 processos”.
 
Em direito de resposta concedido a Kalil por ofensa, o ex-presidente do Atlético chamou Tibé de “boca de aluguel”. “Ele é remunerado pelo cacique lá de Brasília. Ele não tem competitividade, nem expressão”, respondeu.
 
Claramente alfinetando Kalil, Délio Malheiros (PSD) afirmou que uma de suas propostas é negociar as grandes dívidas de IPTU. “É um programa inovador. Já fizemos uma parceria deste tipo com um laboratório, que atendeu à população”, exemplificou. Ainda na área da saúde, ele garantiu que, se eleito, fará com que o Hospital do Barreiro funcione 100% em 2017. A proposta de agilizar a prestação de serviço por parte do hospital é compartilhada por vários outros candidatos, como Marcelo Álvaro (PR) e Reginaldo Lopes (PT).
 
Pobreza
Sargento Rodrigues (PDT) também fez investidas contra Kalil. “Tem candidato que fala o tempo todo de pobre, mas não sabe o que é ser pobre. Vai ali pegar um metrô cinco horas da madrugada, para fingir que anda de metrô. Eu vivi na Cabana do Pai Tomás, sei o que é pegar ônibus lotado com marmita debaixo do braço. Não preciso fazer esse teatro em frente às câmeras”. Ainda de acordo com ele, se o ex-presidente do Atlético não tratou bem os próprios empregados, não seria diferente com os funcionários públicos.
 
Ataques ao tucano
João Leite (PSDB), que lidera as pesquisas de intenção de votos, não escapou das críticas. Vários oponentes acusaram o PSDB de comandar as secretarias de saúde e transportes na gestão de Marcio Lacerda. A gestão, compartilhada, não seria eficiente. “Tem muita incoerência nesta campanha. Quem mandou na saúde e na BHTrans nos últimos 8 anos foi a turma do João Leite, a turma do Aécio. Votar nele é dar continuidade à gestão atual. A cidade não pode esperar”, disse.
 
“João Leite se coloca como oposição da atual gestão, mas o partido dele participa desta administração há anos”, completou Marcelo Álvaro.
 
Quando o assunto foi segurança pública, Reginaldo Lopes criticou as propostas de João Leite, que defende armar a guarda municipal. “É mais fácil dar dura em um menino que tem meia bucha de maconha no bolso do que encontrar um helicóptero cheio de cocaína, que é do aliado dele”, enfatizou. O ataque fez referência ao caso do helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado federal Gustavo Perrella (Solidariedade-MG), filho do senador Zezé Perrella (PTB), que foi apreendido com 445 quilos de pasta base de cocaína em 2013. Ninguém foi preso.
 
Regras
O debate foi composto por quatro blocos e dispensou a apresentação dos políticos, diferenciando-se dos encontros televisionados anteriormente. Na primeira etapa, cada candidato fez um pergunta e respondeu a outra, com tema livre. No segundo bloco, os assuntos foram sorteados pelo mediador. Um mesmo político pode responder a duas questões, desde que ele fosse escolhido por dois oponentes. No terceiro seguiu o mesmo rumo do segundo, com temas livres. No quarto, eles fizeram considerações finais.
 
Participaram do debate os candidatos cujos partidos possuem mais de 10 deputados na Câmara dos Deputados. Aqueles com mais de 5% nas pesquisas de intenção de votos também foram convidados. Seguindo estes critérios, ficaram de fora Eros Biondini (Pros), Vanessa Portugal (PSTU) e Maria da Consolação (Psol).
 

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