Sem conseguir a reeleição no ano passado, sete ex-vereadores de Belo Horizonte conseguiram um ganha-pão na prefeitura. Os ex-vereadores Hugo Thomé (PMN), Paulinho Motorista (PSD), Priscila Teixeira (PTB), Reinaldo Preto do Sacolão (PMDB), Alberto Rodrigues (PV), Marcio Almeida (PRP) e Edinho do Açougue (PTdoB) ocupam cargos de assessores na Prodabel sem precisar de marcar ponto ou comparecer na sede da empresa. Alguns vão lá uma vez por mês, apenas para assinar o contracheque; outros nem isso. Como a Prodabel é uma “sociedade de economia mista municipal”, a nomeação dos ex-vereadores não foi publicada no Diário Oficial do Município. Embora os cargos não lhe rendam dividendos políticos aparentes, os ex-parlamentares gozam de carteira assinada com salário bruto de R$ 5.800 – alguns recebem por volta de R$ 7.000 –, 13º salário, férias, plano de saúde e cartão alimentação de R$ 390. As nomeações dos ex-parlamentares começaram há três meses, quando o primeiro parlamentar apareceu na sede da empresa para assinar os documentos da contratação. Os ex-vereadores foram lotados na Prodabel, mas vão desenvolver tarefas em outras áreas da prefeitura. Beneficiado com um dos cargos, o ex-vereador Márcio Almeida (PRP) conta como é o seu trabalho na prefeitura. “Assumi um cargo na Secretaria de Políticas Sociais em 21 de agosto. Trabalho com pessoal de rua, menor infrator, idoso. Lá também tem Sine e ajudamos pessoas a arrumarem emprego. O pessoal acha que é fácil, mas não é não. Às vezes tem que trabalhar no sábado, no domingo”. Questionado se está trabalhando na Prodabel, o parlamentar explica: “estou lotado na Prodabel, mas trabalho na Secretaria de Políticas Sociais”. Metas Primeiro suplente do PRP, Almeida quer voltar para a Câmara em 2015, por isso vai fazer campanha para que o titular Marcelo Álvaro Antônio seja eleito deputado federal em 2014. Perguntado se a experiência no novo posto ajudaria num eventual mandato, foi sincero. “Gostaria de estar numa regional. Se for olhar o proveito futuro, não terei nenhum. Mas meu trabalho é gratificante como ser humano”, explicou. O ex-vereador Paulinho Motorista (PSD) ainda não decidiu se vai disputar a eleição do próximo ano, mas enquanto isso trabalha no setor de eventos da Fundação de Parques Municipais. “Estou aqui no Parque das Mangabeiras. Estamos preparando o Fantástico Mundo da Criança”. Questionado se trabalhava na Prodabel, ele disse que foi fichado lá, mas está “emprestado” à Fundação de Parques. Se dizendo cansado da política, Alberto Rodrigues (PV) explica que, após sair da Câmara só narra jogos e ser embaixador de uma cervejaria. O ex-vereador descarta uma nova eleição, mas admite que fará campanha para que o vereador Sérgio Fernando (PV) seja eleito deputado e assim possa voltar à Câmara. Sobre o cargo na Prodabel, Rodrigues diz que “ainda não” assumiu e teve conversas com o secretário de Governo Josué Valadão sobre o assunto. No entanto, ele esteve na Prodabel na última segunda-feira para assinar o contracheque O ex-vereador Hugo Thomé queria ir para a Belotur, mas está trabalhando na Secretaria de Esportes, lotado na Prodabel. “Está bom, estou desenvolvendo meus projetos pela cidade”. Sindicato O analista de sistemas da Prodabel e diretor do Sindados – sindicato da categoria – Gildásio Cosenza, explica que a organização recebeu reclamação por causa da nomeação dos ex-vereadores. “É um absurdo a empresa se transformar em cabide de empregos. A Prodabel tem 400 concursados e mais de 200 funcionários de recrutamento amplo”, reclama. O sindicalista diz que solicitou à Prodabel detalhes da contratação dos ex-parlamentares, mas a empresa não repassou ao sindicato a lista. O Hoje em Dia tentou contato, por celular, com Priscila Teixeira, Preto do Sacolão e Edinho do Açougue durante toda a tarde de sexta-feira, porém eles não atenderam às ligações. A Prodabel não respondeu os questionamentos da reportagem.