Fracassa negociação entre governo e professores federais

Leonencio Nossa *
23/07/2012 às 19:54.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:47
 (Antônio Cruz/ABR)

(Antônio Cruz/ABR)

Fracassou a reunião desta segunda-feira (23) entre professores, universitários e representantes do governo para discutir o fim da greve nas instituições federais de ensino, sem aulas desde o dia 18 de maio. Na tarde desta segunda-feira, o governo ofereceu R$ 3,9 bilhões em reajustes salariais nos próximos três anos aos professores. A proposta foi rejeitada. Sindicalistas e técnicos dos ministérios de Educação e do Planejamento discutiram durante mais de quatro horas a pauta de reivindicações. Uma nova reunião já está prevista para ocorrer até a próxima quarta-feira (25).

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, diz que a discussão é de "concepção". Ela reclama que o governo está incentivando a desestruturação da carreira, ao impedir a progressão, criando barreiras para o docente chegar ao teto da profissão. Já o governo diz que questões como a titulação devem ser discutidas em outra mesa de negociação, propondo um grupo de trabalho específico para o tema. "Creio que devemos focar os pontos de divergência", afirmou Amaro Lins, secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação. "O maior cuidado que devemos ter é com os jovens de nossas instituições", acrescentou.

Pouco antes, Marinalva Oliveira afirmou em tom exaltado que a responsabilidade pela situação dos estudantes é do governo. A uma pergunta sobre se não temia o corte do ponto, ela respondeu: "A nossa greve é legal. Quem não está avançando é o governo, que só depois de sessenta dias está apresentando uma proposta".

Em Minas Gerais, professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet), entre outras no Estado, aderiram à decisão nacional e vão  continuar em greve. A categoria criticou o anúncio de reajuste de 45%, exclusivos para professores titulares, com doutorado e dedicação exclusiva. O presidente do SindCefet-MG, Fausto de Camargo Junior, afirma que a maioria dos docentes não será beneficiada por esse reajuste e que em 2015, haverá  defasagem nos salários. A proposta do governo estima que a remuneração do professor titular com dedicação exclusiva suba de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil.

Embora haja consenso de que "questões técnicas" e "conceituais" não estão abaixo do debate salarial na pauta dos sindicalistas, setores do governo dizem que o movimento pretende acabar com a valorização dos títulos de mestre e doutor nas universidades. Os grevistas que têm essa linha de raciocínio defendem que apenas o tempo de trabalho seja o suficiente para um docente atingir o topo da carreira.

Questionado sobre a importância da titulação como incentivo para a melhoria do ensino, o sindicalista Gutemberg Almeida, do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), respondeu que "os títulos seriam um estímulo se o governo não incluísse também na progressão da carreira fatores como a produtividade". Ele diz que hoje os professores estão tendo carga horária elevada em sala de aula, prejudicando pilares das universidades como a pesquisa e a extensão.

A paralisação dos professores atinge 56 das 59 universidades federais, além de 34 institutos federais de educação tecnológica, dos 38 existentes. Em Minas, estão paradas as universidades UFMG, UFV, UFU, UFVJM, UFOP, UFJF, UFTM, UFLA, UFSJ, UNIFAL; e além do Cefet-MG estão parados os institutos IFSMG, IFMG, IFNMG, IFSULMG e IFTM.

* Com Rosildo Mendes - Do Hoje em Dia
http://www.estadao.com.br

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