Governo revê projeto de criação de salas de exibição no interior do Estado

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
23/05/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:10
 (Celso Martinelli/Arquivo do Hoje em Dia)

(Celso Martinelli/Arquivo do Hoje em Dia)

O governo revisou para baixo o projeto que prevê a criação de salas de cinema no interior do Estado. No lugar das 300 inicialmente propostas pela Secretaria de Estado da Cultura, em parceira com a Codemig, serão 150. Após o investimento inicial – que, segundo fontes da cena cultural mineira soma R$ 67 milhões –, os espaços serão entregues à iniciativa privada. Essa forma de gestão desagrada a representantes do audiovisual mineiro.   “São recursos bastante significativos para se criar uma rede que apenas poderia ampliar o espaço de grandes produções americanas”, observa Marco Aurélio Ribeiro, presidente da Associação Curta Minas, que participou, ao lado de outros integrantes do Fórum Mineiro do Audiovisual, de uma reunião com diretor-presidente da Codemig, Marco Antonio Castello Branco, e a diretora de fomento à indústria criativa, Fernanda Machado.   O receio dos dirigentes mineiros é o de que, para ser interessante ao setor privado, o negócio precisaria ser rentável. E os exemplos de cinemas no interior que foram bem-sucedidos e se mantêm em funcionamento até hoje apostaram numa programação que, embora por vezes exibisse um filme nacional, tem como seu principal chamariz os chamados “blockbusters”.   “De fato, o Estado não tem condições de administrar, devido à dinâmica do mercado exibidor. Mas esse tipo de investimento só faria sentido se fosse para garantir a exibição de produção nacional. E se for para criar cotas, é preciso estudar muito bem como será feita, pois já existe cota para o cinema nacional nos multiplexes e ela praticamente não tem efeito”, alerta Marco Aurélio.   Proprietário do Cine 14 Bis, em Guaxupé, Mauri Palos apoia a iniciativa, mas adverte que não é possível, pela cultura brasileira de hoje, exibir uma programação 100% nacional. “Não é possível a uma sala, mesmo que tenha investimento público, sobreviver sem os blockbusters. É preciso passar todos os conteúdos para ser autossustentável”.   Mauri assinala que o brasileiro se acostumou com o acesso a filmes por celular e downloads piratas, o que torna impossível imaginar uma sala como nos moldes da década de 60. “O exibidor tem que ver a sala como um local de exibição de conteúdo audiovisual, não só de filme, devendo passar também concerto e futebol. O importante é promover o encontro coletivo”.   Outro questionamento é que o investimento de exibição deveria estar atrelado a recursos em outras áreas, principalmente na produção. “Para que faça sentido, se faz necessário uma injeção maciça de recursos, nos próximos quatro, cinco anos, na realização de filmes que possam usufruir desse circuito”, sugere Marco Aurélio.   De acordo com a avaliação do presidente da Curta Minas, os mecanismos de incentivo são extremamente tímidos para a realidade da produção que temos hoje. Ela estava ancorada no programa Filme em Minas, que, paradoxalmente, não deverá ser promovido nesse ano devido à falta de dinheiro em caixa. Projetos selecionados no ano passado só agora começam a receber o valor contemplado.   “Em relação ao programa estadual Salas de Cinema, que propõe a reabertura de salas de cinema em várias cidades mineiras, a Codemig informa que o projeto encontra-se em fase de concepção, estudo e desenvolvimento”.

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