Indignação leva 30 mil às ruas de Belo Horizonte

Bruno Moreno, Patrícia Scofield, Renato fonseca e Tatiana Moraes - Hoje em Dia
15/03/2015 às 23:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:21
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Em um dia histórico, marcado pela insatisfação com a condução política e econômica do Brasil, pelo menos 30 mil pessoas foram às ruas, em Belo Horizonte, neste domingo (15), conforme a Polícia Militar. O protesto teve um mesmo discurso, mas formas diferentes de lidar com as soluções apontadas.    Alguns manifestantes disseram-se descontentes com a política econômica, mas não pediram a saída da presidente Dilma Rousseff (PT) do Palácio do Planalto. Outros, defendiam o impeachment. Um grupo chegou a pedir uma intervenção militar.    Faixas de “Fora Dilma, Fora PT”, apitos, buzinas, panelaços e camisas verde e amarela, principalmente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tomaram conta das praças da Liberdade e da Savassi. A caminhada seguiu pelas avenidas Getúlio Vargas, Afonso Pena, Andradas e Amazonas, até alcançar a Praça 7, no Centro.
  Não houve unidade na condução do ato, mas a organização foi feita por representantes dos movimentos “Vem pra Rua”, “Frente da União Brasil” e “Patriotas”. Bandeiras partidárias não foram vistas, nem discursos referentes à legendas.    Alguns políticos compareceram ao protesto. Os presidentes do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana, e em Belo Horizonte, deputado estadual João Leite, entoaram o coro contra o governo. A secretária de Governo da prefeitura da capital, Luzia Ferreira (PPS), também estava presente.    Todos eles pediram a apuração da corrupção no país e criticaram os pedidos de impeachment. “O impedimento seria uma consequência dessa apuração. Queremos é que haja uma apuração rigorosa dos escândalos da Petrobras”, disse Luzia. “As pessoas que vieram estão se sentindo traídas pelo governo que não cumpre o que prometeu na campanha. Vim trazer a insatisfação que ouvi das pessoas”, destacou João Leite.   Pacífico   O protesto contou com a presença de famílias que levaram crianças e idosos. Com apenas quatro meses, a pequena Valentina parecia não se incomodar com o barulho e o calor. Ela estava nos braços do avô, o médico José Luiz Lopes, de 57 anos, que ainda levou para as ruas a esposa, filhas e sobrinha. “Esse momento não pode ser em vão. O governo precisa entender a insatisfação da população”, comentou.   Na Savassi, onde um grupo de manifestantes permaneceu após a passeata, os protestos deram lugar à descontração. No quarteirão fechado da rua Pernambuco, um grupo de chorinho fazia uma apresentação para cerca de 400 pessoas que almoçavam.   O ato foi pacífico e, segundo a Polícia Militar, não houve ocorrências relevantes. Um tumulto foi registrado quando cinco manifestantes discordaram dos rumos do protesto e bloquearam a passagem do carro de som.    No fim do dia de manifestações, insatisfação gerou panelaço em várias cidades do Brasil   O dia de protestos pelo país teve fim com um panelaço pelas principais capitais brasileiras. Em Minas Gerais, além de Belo Horizonte, o som das panelas ecoou também pelo interior.    A motivação do último manifesto do domingo foram as entrevistas dos ministros José Eduardo Cardoso, da Justiça, e Miguel Rossetto, Secretaria Geral da Presidência. Eles fizeram um balanço das manifestações, no início da noite. Manifestantes foram às sacadas dos prédios protestar.    “Tenho quatro irmãs: uma mora em Viçosa, outra no Rio, outra em Recife e outra em BH. Todas participaram”, contou a arquiteta e empresária Izabella Corrêa, de 27 anos, também moradora da capital mineira.    O motivo do panelaço é o mesmo que levou milhares de pessoas às ruas. A insatisfação com a corrupção e as crises econômica e política. Gritos de “Fora Dilma” acompanharam o manifesto.    “Tanto o panelaço quanto as manifestações são formas democráticas de expressar nossa indignação em relação à atual realidade do Brasil. Além disso, é uma forma de nos unirmos para reivindicar mudanças e mostrarmos que uma nação unidade pode fazer um Brasil melhor”, justificou a arquiteta.    Análise   Para o cientista político Malco Camargos, agora, é importante criar uma pauta de convergência. “Caso contrário, os protestos se transformam em partidas de futebol, em que um ganha em uma semana e o outro, na outra”, ressalta, lembrando que defensores da presidente também saíram às ruas. 

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