Justiça permite a farra de verbas indenizatórias na Câmara de BH

Lucca Figueiredo e Patrícia Scofield - Do Hoje em Dia
26/06/2012 às 10:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:06
 (ARQUIVO HOJE EM DIA)

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Decisão do juiz da 4ª Vara de Fazenda Municipal de Belo Horizonte, Renato Luís Dresch, abre caminho para que os vereadores da capital recebam e gastem a chamada verba indenizatória de forma indiscriminada. Na sua recomendação, em resposta à ação movida pelo Ministério Público Estadual (MP), contra o vereador Gunda (PSL), o juiz não reconhece como ato de improbidade administrativa a conduta do parlamentar. Para o MP, ele usou mais de R$ 200 mil, indevidamente, com despesas em alimentação, combustíveis, reparação e locação de veículos, serviços gráficos e desenvolvimento de website, inclusive durante o recesso parlamentar, sem indicar a finalidade ou destinação.

Para o juiz, o motivo do não reconhecimento é o fato de a verba ser uma deliberação da própria Câmara, não cabendo interferência do Judiciário. Ele entende que a ação de improbidade administrativa não é via própria para reparar os danos em razão do recebimento de remunerações ilegais. “Não vislumbro o dolo manifesto ou alta censurabilidade comportamental, uma vez que não se pode supor que todas as despesas dos atos de exercício do mandato realizados fora do gabinete devam ser custeadas pelo próprio vereador”, argumentou o magistrado.

Para o MP, a verba indenizatória visa ressarcir o agente público das despesas efetuadas por necessidade do serviço público, mas a utilização em proveito próprio fere os princípios constitucionais da moralidade administrativa, da razoabilidade e da impessoalidade.

O órgão vem questionando o uso do recurso desde 2009, quando Gunda foi reembolsado por 14 notas fiscais que somaram R$ 3.030, gastos em 75 rodízios em uma churrascaria, no Bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O vereador apresentou ainda notas com valores entre R$ 40 a R$ 129 de uma distribuidora de alimentos, onde adquiriu frios. Segundo Gunda, o posicionamento da Justiça aponta para a legalidade da verba.

“Utilizamos a verba da forma como ela é disponibilizada pela Câmara Municipal. Temos um controle rigoroso e não há nenhuma irregularidade”, disse.

Na segunda-feira (25), na Câmara, os vereadores comemoraram a decisão do magistrado, que ainda cabe recurso. Leonardo Mattos, por exemplo, mostrou-se confiante em ser inocentado. “Não pode funcionar dessa forma. Fica parecendo que é um crime ganhar a eleição. Se você ganha, vira bandido”, afirmou.http://hj.digitalpages.com.br/acesse

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