Lula convoca mais de sete mil em BH a lutar contra o "golpe"

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
06/09/2016 às 20:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:43
 (João Godinho/O Tempo/Estadão Conteúdo)

(João Godinho/O Tempo/Estadão Conteúdo)

Estrela principal do acampamento do Levante Popular da Juventude, que reuniu mais de 7 mil jovens no Mineirinho, em Belo Horizonte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu tristeza, voltou a atacar as elites e convocou os presentes a lutar contra o “golpe”. 

“Estou triste desde que começou a pouca vergonha de cassar a Dilma por um crime que ela não cometeu. Esperamos 500 anos para ter uma presidente mulher. E não era qualquer mulher. É uma mulher que aos 20 anos foi torturada e que foi eleita pelo povo. Mas comecei a entender que a elite não entende o que é democracia”, discursou Lula, após ser anunciado pelos organizadores e ovacionado pelo público com gritos de “Lula lá” e “Fora Temer”. 

Lula disse que estava em dúvida se viria a Belo Horizonte ou se iria acompanhar a transferência de Dilma para Porto Alegre, que teria antecipado a mudança por razões pessoais. “Mas liguei para ela e disse que precisava vir para conhecer o pessoal do Levante. E guardem isso na cabeça. A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. Na negação da política, cresce a direita raivosa, os Bolsonaros, os Hitlers”, afirmou. 

Em seu primeiro grande ato político após o impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente, investigado pela Polícia Federal na “Lava Jato”, disse que querem tirar ele do caminho em 2018. “Mas o problema não é o Lula. O Lula já tem 70 anos. O problema agora é com vocês. São os milhões que não querem que governem o país através do golpe”, disse ele, afirmando que voltaria para casa mais feliz. 

Lula ainda mandou um recado para os “coxinhas”. “Não devemos ser cruéis como eles são conosco”, disse. Para ele, a elite não engoliu o pobre no avião, a empregada doméstica com direito a férias e a menina da periferia sentada no banco da faculdade ao lado da filha da patroa. “Eles se incomodam. Agore tiraram 900 mil pessoas do Bolsa Família. Eles acham que R$ 200 é esmola, que esse cara é vagabundo. Mas essas pessoas só queriam dar um copo de leite e um pão para a lombriga do filho não atacar”, afirmou. 

O ex-presidente chegou com Fernando Pimentel (PT), que alfinetou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “A rebeldia da juventude que dá o ânimo para seguir em frente. Nós vamos continuar recebendo e apoiando os jovens aqui em Minas com muita alegria. Aqui não é com bala de borracha que recebemos a juventude. É com carinho que vamos receber vocês”, discursou.

O presidente do PT, Rui Falcão, também saudou “a juventude rebelde, da cultura e da arte”. Afirmou que o povo foi afastado do poder pelos golpistas, mas que a história não ficará assim. “Vamos tirá-los do poder. E vamos fazer isso com eleições diretas. Não teremos nem presente nem futuro digno com essa ditadura disfarçada de democracia. Diretas Já!”, disse Falcão.

O ato foi organizado pelo Movimento Levante Popular da Juventude, com patrocínio do governo de Minas, por meio da Cemig e do BDMG.

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