Minas tem mais 20 legendas no forno do TRE

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
27/10/2013 às 08:04.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:41
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

Os 32 partidos políticos brasileiros parecem não ser suficientes para conter o apetite voraz das lideranças e apresentar propostas para o avanço do país. Depois de o Pros e o Solidariedade (SDD) terem obtido o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no início de outubro, outras 21 legendas tentam viabiliza-ção a homologação na Justiça até outubro de 2015. Dessas, 20 têm representação em Minas. Caso todas obtenham o registro e homologação, as eleições municipais de 2016 poderão ter 53 siglas na disputa.   A “sopa de letrinhas” inclui partidos que se dizem liberais, desenvolvimentistas, progressistas, cristãos, democratas e humanistas. Destacam-se ainda os segmentados desde o nome escolhido para encabeçar a sigla: voltados para estudantes, mulheres, militares, idosos, trabalhadores e servidores públicos.    Têm siglas para todos os gostos, com um quê de comicidade nos nomes, como por exemplo, o Pai do Brasil (Partido dos Pensionistas, Aposentados e Idosos do Brasil), PHD (Partido Humanista Democrático) e PAT (Partido Alternativo dos Trabalhadores). Entre esses, apenas o Partido do Desenvolvimento Nacional (PDN) teria sido “abandonado” pelos seus fundadores em Minas Gerais. O deputado federal Diego Andrade (PSD), principal articulador do PDN no Estado, abriu mão da viabilização da legenda para se dedicar ao partido de Gilberto Kassab, criado em outubro de 2011.   “Lá atrás, esse processo do PDN era tratado por pessoas ligadas à área dos transportes como uma alternativa. Mas eu aderi ao PSD e não estou me dedicando mais ao PDN. Tínhamos 250 mil assinaturas, mas ficou parado”, comenta o parlamentar, que é sobrinho do senador Clésio Andrade (PMDB), presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).   Na avaliação do cientista político e professor de Marketing Político da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Mendes, o Brasil tem partidos demais e enfraquecidos. “Não temos espaço para mais siglas. O tanto que temos já é suficiente para incorporar qualquer bandeira nova. Essa variedade confunde o eleitor, complica a escolha e deixa de ser um atalho”, afirma. “O que precisamos é de mais consistência nos partidos e de enxugar as opções”, completa.    Bandeiras
  Se por um lado não faltam esforços para oficializar as legendas no país, sobram causas “nobres”, porém, vagas em termos de propostas. O Pai do Brasil defende a “integridade física, social e psicológica” dos aposentados, além do fim da corrupção no poder público. “Nossa bandeira é estritamente social, como consta no nosso nome, de pai, realmente.    Defendendo os idosos, estaremos automaticamente passando pela defesa dos trabalhadores, que não podem chegar à velhice sem dignidade”, destaca o vice-presidente nacional, Alcides dos Santos Ribeiro.    O Partido Social (PS) prevê o combate à desigualdade social e, apesar de não se intitular como ecológico, defende a construção de uma “sociedade ambientalmente equilibrada”, segundo o presidente nacional, Epitácio Barbosa. “Com certeza vamos lutar pela divisão da riqueza para todos os brasileiros e pela aplicação de recursos naturais em função do povo. Não se pode desmatar e agredir os mananciais”, pontua o presidente.   Como a Rede, partidos reclamam de cartórios   Lideranças partidárias ouvidas pelo Hoje em Dia adotaram a mesma estratégia da ex-senadora Marina Silva (PSB), que tenta viabilizar a criação do Rede Sustentabilidade: criticar a “falha dos cartórios eleitorais” por não terem atingido o número necessário de assinaturas válidas – de 450 a 492 mil. “A Marina chorou por 90 mil assinaturas que ela não conseguiu, mas nós perdemos 200 mil. Ficamos na mão da conferência do TRE das assinaturas e registros dos eleitores no sistema deles”, diz o presidente nacional do Partido Social (PS), Epitácio Barbosa.   Ele critica também a “falta de padronização” das certidões dos cartórios eleitorais. “Os TREs não têm uma uniformização dos formulários. Por isso, ouvimos dos tribunais que várias assinaturas não foram aceitas porque as certidões são diferentes entre si”, acrescenta Barbosa.   O TRE de Minas Gerais esclarece que o TSE pede “apenas o número de assinaturas válidas”, pela resolução nº 23.282/2010, e confirma a inexistência de um modelo padrão para a certidão.  O chefe da seção de Gerenciamento de Dados Partidários do TRE-MG, Paulo Rogério Drummond, diz que não houve registro desse tipo de “impedimento” no TRE-MG.    Ele explica que as listas são entregues aos cartórios pelas comissões dos partidos e aqueles ficam responsáveis por elaborar um relatório para os tribunais regionais, com a validação ou não dos dados recebidos. “Esse atestado é entregue ao juiz eleitoral, que pode pedir mais informações, diligências, mas alguns partidos começaram a recolher as assinaturas em fevereiro e passaram por cartórios de cidades pequenas, com dois ou três funcionários”, acrescenta Drummond.   O vice-presidente do Pai do Brasil, Alcides dos Santos Ribeiro, relativiza a perda de rubricas. “Mesmo com a seriedade do trabalho, perdemos de 10 a 15% assinaturas. É um índice baixo em comparação ao Solidariedade, que perdeu 45% delas”. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por