Mortos da ditadura militar ganham monumento em Belo Horizonte

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
26/05/2013 às 09:22.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:34

O primeiro de dez monumentos que serão erguidos no Brasil para homenagear os mortos e desaparecidos políticos na luta contra a ditadura militar foi inaugurado sábado (25), em Belo Horizonte, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB) e apoiadores da causa.  O local escolhido para abrigar o monumento – uma peça de aço, na forma da bandeira do Brasil, com os nomes dos 58 mineiros assassinados pelo regime militar – faz contraponto com o prédio que abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde presos políticos foram torturados e mortos. Ele foi instalado no canteiro central da avenida Afonso Pena, em frente ao Dops.    “A concepção da obra visa mostrar uma nova possibilidade de Brasil. A armadura na bandeira está sendo rasgada por todos nós”, explicou a artista que idealizou a peça, Cristina Pozzobon.    De acordo com o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, o monumento é dedicado à “resistência brasileira”.    “Estão aqui os nomes que queremos festejar”, afirmou. Para Abrão, ainda há resquícios da cultura autoritária no sistema de segurança e prisional do país. “Temos que ter eterna vigilância da democracia e mostrar que o Brasil não era melhor antes do que hoje”, acrescentou.    Marcio Lacerda pediu um minuto de silêncio em memória das vítimas da ditadura e lembrou que esteve preso por uma noite no Dops, onde funciona hoje a Divisão Antidrogas da Polícia Civil.    “Dormi no chão. Isso foi nada comparado com outras situações. O período de 1964 a 1985 foi marcado por uma reação grande em Minas e todas as pessoas sacrificadas nesse período precisam ser lembradas”, comentou.    Para a presidente da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia Política do Brasil, Maria Christina Rodrigues, a obra significa um avanço para a democracia. “Serão lembradas as 58 pessoas que deram sua vida, sua liberdade, seus sonhos nessa luta”.   Em outubro, a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça inaugurará outro marco no Estado, no Vale do Rio Doce, para lembrar os 50 anos do massacre de Ipatinga – assassinato, pela Polícia Militar, de um número de operários até hoje não apurado durante a repressão de uma greve na Usiminas durante o período militar. 

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