Nova fase de operação atinge Lula indiretamente

Estadão Conteúdo
02/04/2016 às 09:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:45
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

A 27.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (1), atinge indiretamente o ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Presos temporariamente como alvos centrais da Operação Carbono 14, o empresário Ronan Maria Pinto e o ex­-secretário­-geral do PT Silvio Pereira são peças centrais de uma suposta "operação abafa" iniciada em 2004, segundo suspeitas de investigadores. O objetivo seria evitar a divulgação de escândalos de corrupção envolvendo o partido.

Em seu termo de delação premiada 7, o ex­-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (ex­-PT/MS) declarou que "o empréstimo tomado por José Carlos Bumlai junto ao banco Schahin, no valor de R$ 12 milhões, foi destinado ao pagamento de chantagens efetuadas por empresário de nome Ronan contra a cúpula do PT, a partir do Município de Santo André/SP".

"Durante as investigações da Operação Lava Jato, constatou­-se que José Carlos Bumlai contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões. O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a 'quitação' de dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio­sonda Vitória 10.000, pela Petrobrás, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão. Esses fatos já haviam sido objeto de acusação formal, sendo agora foco de uma nova frente investigatória", informa o Ministério Público Federal.

Pecuarista

A operação foi realizada pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, preso desde novembro, com ajuda do Grupo Bertin. Em depoimento, ele admitiu que realizou o falso empréstimo para atender a pedido do PT e citou o nome de Silvio Pereira. Dos R$ 12 milhões, R$ 6 milhões foram para Ronan, que comprou o jornal Diário do Grande ABC. Segundo Delcídio, Bumlai "se colocou à disposição quando Lula assumiu a Presidência da República, tendo passado a solucionar problemas os mais variados". "Para fazer os recursos chegarem ao destinatário final, foi arquitetado um esquema de lavagem de capitais, envolvendo Ronan, pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores e terceiros envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro proveniente do crime contra o sistema financeiro nacional", diz a Lava Jato.

Segundo os procuradores, "há evidências de que este empresário carioca realizou transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto, além de outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores. Dentre as pessoas indicadas para recebimento dos valores por Ronan, estava o então acionista controlador do jornal Diário do Grande ABC, que recebeu R$ 210.000 em 9/11/2004."

"Na época, o controle acionário do periódico estava sendo vendido a Ronan Maria Pinto em parcelas de R$ 210.000. Suspeita­se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin. Uma das estratégias usadas para conferir aparência legítima às transferências espúrias dos valores foi a realização de um contrato de mútuo simulado, o qual havia sido apreendido em fase anterior da Operação Lava Jato", diz a força-tarefa.

O suposto envolvimento de Lula em outras supostas operações de compra de silêncio foi citado na Lava Jato. Uma delas envolvendo o repasse de quase R$ 6 milhões via doleiro Alberto Youssef para uma agência de publicidade, a Muranno Brasil Marketing, que em 2010 estaria ameaçando revelar a corrupção na Petrobrás. O ex­presidente nega, por meio de assessoria, envolvimento em ilícitos.
http://www.estadao.com.br

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