Para MP, EY omitiu perda de milhões de reais em 2008

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
15/07/2015 às 06:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:54
 (FREDERICO HAIKAL - 02/09/2005)

(FREDERICO HAIKAL - 02/09/2005)

No processo em que os bens dos gestores do extinto Banco Rural foram confiscados pela Justiça de Belo Horizonte, a EY, antiga Ernst & Young Auditores Independentes , uma das maiores do mundo no segmento, aparece como corré sob a acusação de omissão na elaboração de parte da prestação de contas da instituição financeira. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a EY teria acobertado a perda de R$ 124 milhões do Rural envolvendo o rumoroso processo de falência da Vasp, concluído em 2008.

O imbróglio teve início em 2002, quando o Rural foi condenado a pagar dívidas trabalhistas da companhia aérea. O débito consistiria na alienação de cabeças de gado, por meio do Rural Agroinvest, em transação solicitada pelo empresário Vagner Canhedo, então presidente e controlador da Vasp. A Justiça entendeu que Canhedo praticou uma fraude para tentar impedir o bloqueio de bens e deixar de pagar dívidas.

Em 2013, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) bateu o martelo e reconheceu o débito do Rural. Sobre a auditoria da EY, diz o MPE de Minas: “Os relatórios de auditoria relativos às datas no período de junho/2011 a dezembro/2011, apesar de comentarem a contingência relativa ao processo cível do “caso Vasp”, não apontou a necessidade do aprovisionamento para suportar a eventual perda/condenação, ainda que a empresa tenha sido intimada a efetuar o pagamento em 18 de fevereiro de 2011 no valor de R$ 124 milhões”.

Conforme o Hoje em Dia publicou nesta terça-feira (14), com exclusividade, a Justiça em BH determinou a busca de bens dos gestores do Rural no total de R$ 1,2 bilhão.

Um dos motivos para a bancarrota do banco foi o envolvimento do seus principais gestores com o esquema do mensalão do PT. Condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a banqueira Kátia Rabello e os executivos José Roberto Salgado e Vinícius Samarane são novamente acusados de má gestão e outros ilícitos financeiros.

Empresa alega confidencialidade em contrato e diz que não vai comentar a ação do MPE

Ao Hoje em Dia, por meio de assessoria em Belo Horizonte, a EY informou que não iria se pronunciar. A empresa alegou que uma cláusula de confidencialidade no contrato com o Banco Rural lhe impede de fazer comentários sobre as auditorias.

Em decisão liminar, a juíza Patrícia Santos Firmo, da 1ª Vara Empresarial da capital, indeferiu a inclusão da EY na ação de arresto de bens movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Minas, no montante de R$ 1,2 bilhão, em desfavor dos gestores do Banco Rural.

Já o MPE tem entendimento diferente. Tanto que adiantou que entrará com recurso para tentar bloquear os bens da empresa.

A ação de arresto de bens visa a trazer elementos para os promotores ingressarem com um pedido de ressarcimento dos valores.

No despacho, a juíza Patrícia Santos sustenta que o rombo foi provocado pelo que chamou de “desaparecimento patrimonial do banco”, provocado por gestão temerária e outras diversas irregularidades.

A investigação do MPE tem como base um relatório preparado pelo Banco Central.

Os representantes da falida Vasp não foram localizados, nesta terça-feira (14), pela reportagem. Os advogados do extinto Banco Rural não se pronunciaram.

124 milhões de reais É o montante devido pelo banco rural para pagamento de dívidas trabalhistas da extinta Vasp

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