Plataformas digitais ampliam expressão do debate político para as próximas eleições

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
01/12/2013 às 08:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:29

A menos de um ano das eleições de 2014 e em meio ao desgaste dos partidos políticos perante a sociedade brasileira, como percebeu-se nas manifestações que tomaram o país de junho a agosto deste ano, governantes e candidatos à disputa eleitoral, como no caso do presidenciável Aécio Neves (PSDB), de Dilma Rousseff (PT) e de Marina Silva, em aliança com Eduardo Campos (PSB), têm apostado em plataformas digitais para se aproximar dos eleitores.
 
Mas, na tentativa de capitalizar o ‘vácuo’ de representatividade, as ações de partidos ou de governos nas redes sociais podem colher poucos resultados. Para especialistas, há o perigo de não tratar o cidadão como sujeito crítico e ‘ativo’.
 
Em Belo Horizonte, grupos organizados como o Ocupe Câmara, Fora Lacerda, Duelo de MCs e Praia da Estação, que mobilizaram pelo Facebook, por exemplo, potencializam suas propostas e discussões na rede, na visão do cientista político e professor Robson Sávio, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
“Esses movimentos já utilizam de métodos como a ocupação de espaços públicos, têm seguidores cativos e entenderam que na internet todo mundo é produtor e multiplicador da informação, por isso se sobressaem nas redes”, pondera.
 
Oficial

 
Para ele, a propaganda oficial nas redes agrada apenas ao partido vinculado ao governo que divulga as ações, ao contrário de iniciativas dos movimentos sociais na rede mundial de computadores.
 
“Os governos e legendas fariam muito melhor se, em vez de reportar informações chapa branca no Twitter, Facebook e nos Observatórios, radicalizassem na transparência de suas ações e contas públicas”, diz.
 
Visibilidade
 
Segundo o especialista, há um descolamento entre a mobilização na internet feita por movimentos sociais e os governos, em todas as esferas. “Os primeiros conseguem visibilidade e credibilidade porque mantêm atuação política rotineiramente, têm ação concreta. Os Estados e municípios, porém, preocupam-se apenas em defender sua imagem”, alerta, referindo-se ao perigo de deixar as redes sociais restritas a uma espécie de “vitrine de governo”.
 
Para o professor do Departamento de Psicologia da PUC Minas, Bruno Vasconcelos, que desenvolve pesquisas sobre a mobilização política na internet, é preciso compreender que a rede atua como “catalisadora de opiniões”, mas tem pouca força política.
 
Tem que ter cuidado. O espaço internet, a rede social, em si, não é bom nem ruim, mas ele acelera os debates não no sentido de aprofundá-los politicamente, e sim, de unir posições extremistas, anárquicas ou fascistas”, diz.
 
Conforme o pesquisador da PUC, a internet, por sua vez, pode ser uma alternativa ao “jogo representativo”, tradicionalmente organizado em partidos políticos e, quando bem utilizada, pode reanimar os ânimos de eleitores, por exemplo, os jovens, que tem participação política pequena.
 
“Os adolescentes menos politizados costumam apenas votar e depois ficam restritos a debates na rede. Nesse sentido, os ator públicos trazem sentimentos e vozes que ficam adormecidas”.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por