Polícia Federal prende doleiros suspeitos de enviar milhões ao exterior

Amália Goulart - Hoje em Dia
08/08/2013 às 20:20.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:48
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (8) um grupo de 17 doleiros acusados de enviar para fora do país milhões de reais em transações ilegais para empresas do ramo têxtil. A operação, apelidada de “Dissolução”, revelou o estilo de vida luxuoso dos integrantes da organização criminosa e resultou na apreensão de R$ 800 mil, US$ 150 mil, € 40 mil, além de R$ 110 mil em cheques.

Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão em casas de câmbio e nas propriedades dos doleiros, a maior parte delas no bairro Belvedere, zona Sul de Belo Horizonte. Também foram apreendidas obras de arte e carros de luxo, como uma BMW, um Santa Fé e uma Hillux.

Entre os presos está Luiz Carlos França Campelo, o 'Califa". Ele já foi detido pela Polícia Federal em 2006, acusado de pertencer a um grupo de contrabando de diamantes. Na época, a atividade de Califa era a mesma que a desempenhada hoje: enviar dinheiro de origem suspeita ao exterior. Outro detido é Alex Dombeck Schott, colecionador de obras de arte. Ainda figura na lista Márcio Farah Elias, Heli Lamounier Costa, Carlos Helvécio Pires Rocha, Leonardo Silva Ferreira de Souza entre outros.

“Alguns deles (doleiros) já foram presos outras vezes e continuam atuando como se nada tivesse acontecido”, afirmou a delegada da Polícia Federal Tatiana Torres, responsável pelas prisões. A PF não revelou o nome dos envolvidos. Porém, a reportagem conseguiu confirmar, por outras vias, a identidade dos suspeitos. Os advogados, que se aglomeraram na porta da Polícia, não quiseram dar entrevistas.

Atuação

De acordo com os federais, os doleiros formavam uma rede no Brasil e no exterior, operação chamada “Dólar-cabo”. Os clientes os procuravam para enviar grandes somas ao exterior sem ter que pagar impostos. Também desejavam pagar fornecedores no exterior. Como exemplo, a delegada disse que empresas podiam importar material de países asiáticos e declarar ao fisco um valor.

Porém, o preço real da mercadoria custava muito mais que o declarado. Desta maneira, era pago menos imposto pela importação. A diferença a ser paga pelo fornecedor era acertada por um doleiro residente no país asiático. Tudo na base da confiança. O doleiro domiciliado no Brasil pagava o do exterior dando recursos a seus clientes no Brasil.

As empresas, que também não tiveram os nomes revelados, podem ser indiciadas. Escutas telefônicas flagraram funcionários das empresas negociando com os doleiros. Cerca de 10 deles prestaram depoimentos ontem na sede da Polícia Federal de Belo Horizonte.

A rede de doleiros atuava em países como Tailândia, China e Hong Kong. Um deles está nos Estados Unidos e é investigado pelas autoridades americanas. Os acusados vão responder por evasão de divisas formação de quadrilha e atuação ilegal como instituição financeira.

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