(Renato Cobucci)
Reviravolta na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte. O PT rompeu com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), postulante à reeleição, e decidiu lançar candidatura própria para a administração da capital mineira. Mas a medida ainda pode ser alterada tanto pela direção nacional do PT, quanto pela do PSB.
Nos bastidores, o presidente nacional socialista, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, teria prometido ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), intervir no diretório municipal de forma a garantir que a exigência petista para o não rompimento seja cumprida. Mas o acordo não estaria garantido. Deve desembarcar em Belo Horizonte, neste domingo, o primeiro secretário da sigla, Carlos Siqueira.
Em um clima tenso e permeado de negociações que vararam duas madrugadas, o PSB municipal decidiu lançar chapa para a eleição de vereadores sem coligar com outros partidos. O PT reivindicava a aliança para a composição proporcional. Isto porque a legenda corre o risco de perder vagas de vereadores se não se unir ao PSB. O problema foi que o senador Aécio Neves (PSDB), segundo informações de fontes ligadas às negociações, ameaçou retirar da aliança de Lacerda pelo menos nove dos 12 partidos que irão apoiá-lo. Os tucanos não queriam o PT na chapa proporcional, pois são rivais históricos.
Lacerda cedeu às pressões de Aécio e decidiu atender à exigência. Com isso, o PT ficou de fora da coligação para vereadores. A decisão foi anunciada aos petistas na tarde deste sábado, último dia para realizar convenções.
Tão logo tomou ciência da medida, a executiva do PT se reuniu e, por 11 votos contra quatro, referendou candidatura própria, lançando Roberto Carvalho. “Foi o PSB quem rompeu com o PT”, atacou o vice-prefeito.
Os partidos deixaram as atas das convenções em aberto, para possíveis mudanças até o dia 5 de julho.
Parte dos cargos petistas serão entregues
Apenas com uma sinalização do PSB nacional de intervenção no diretório municipal, o PT de Belo Horizonte deve entregar parte dos cargos que ocupa na prefeitura. Os aliados do ministro Fernando Pimentel devem anunciar a desistência em permanecer na administração após o rompimento entre petistas e socialistas. Só não o farão se houver uma intervenção imediata do PSB, o que pode ocorrer apenas na segunda-feira.
Apenas a ala do vice-prefeito Roberto Carvalho deve permanecer na gestão do prefeito Marcio Lacerda (PSB). “Não vamos entregar os cargos. Fomos eleitos com ele. Aliás, o PT elegeu Marcio Lacerda”, afirmou Carvalho.
Hoje, os petistas contam com cerca de 900 postos na prefeitura. No primeiro escalão, são três secretarias e quatro regionais. Mesmo se o grupo de Carvalho não entregar os postos, o prefeito deve exonerar os comissionados do PT. O presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, ironizou a situação. “O normal seria que eles entregassem”, disse.