Roberto Requião critica PT por programa de concessões à iniciativa privada

Agência Senado
28/08/2012 às 08:02.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:48
 (Waldemir Barreto/Senado)

(Waldemir Barreto/Senado)

Em pronunciamento na segunda-feira (27), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que o PT reeditou um dos cânones da desmoralizada cartilha neoliberal, com o lançamento recente de um programa de concessões no setor de infraestrutura.
 
Requião afirmou ainda que o “glorioso e inefável PT” reintroduziu em grande estilo “um dos piores defeitos do carater pátrio”, o emprego do eufemismo, transformando privatização em concessão.
 
O senador lembrou que por seis vezes apoiou e trabalhou pelo candidato do PT à Presidência da República e que nos seus dois últimos mandatos governou o Paraná em aliança com o partido.
 
"Nesta Casa, sou da base do governo Dilma. Isso, no entanto, não me impede, não me inibe ou me descredencia a deplorar não apenas as desculpas piedosas ou a falta de originalidade nas explicações e as tentativas de trapacear a verdade, não apenas isso, mas sobretudo o fato em si, isto é, as privatizações. E elas são o que são: privatizações, sem rebuço, sem disfarce, cruamente, verdadeiramente privatizações. E eu sou contra", disse.
 
Segundo Requião, o discurso é o “mesmo de sempre”, baseado na alegação de falta de recursos públicos para tocar obras de infraestrutura e na tese de maior eficiência da iniciativa privada.
 
Requião disse imaginar que o PT tivesse aprendido as lições do passado com as privatizações empreendidas pelo PSDB, em áreas como rodovias, ferrovias, energia elétrica e saneamento.
 
No capítulo das concessões brasileiras, disse Requião, há dois ingredientes típicos: o financiamento das privatizações e os contratos de concessão.
 
No financiamento, afirmou, o Estado empresta o dinheiro para que a iniciativa privada faça aquilo que o Estado não teria dinheiro para tocar. Já nos contratos, segundo Requião, os concessionários de ferrovias e rodovias assumem compromisso de extensão e duplicação das estradas, mas fazem o mínimo possível, só arrecadam e não sofrem qualquer punição.
 
"Não é piada, é assim mesmo que funciona. O BNDES e os fundos de pensão da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa investiram bilhões de reais nas privatizações. Modelozinho interessante, não acham?", perguntou.
 
Requião disse ainda que o “caos” da telefonia celular só recebeu atenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) porque os abusos foram “muito além do índice de abuso que a agência julga tolerável”.
 
"Houve um momento em que imaginei que o PT seria firme e intransigente no repúdio ás privatizações, especialmente as privatizações à moda tucana, sem oposição, já que toda a mídia atua no coro das privatizações, e a ele não se opõem partidos progressistas", afirmou.
 

Embrapa
 
Requião comentou a expectativa de abertura de capital da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo o senador, a privatização interessaria às “sete irmãs” que dominam a produção de sementes e defensivos agrícolas, uma referência a gigantes transnacionais de pesquisa como Monsanto, Syngenta e Cargill.
 
Requião advertiu que recursos genéticos e demais bancos de pesquisa da Embrapa, bem como um dos mais fantásticos acervos de pesquisas agropecuárias e florestais do planeta, poderão se tornar propriedade de acionistas privados, embora todas essas informações tenham sido acumuladas ao longo de décadas de estudos executados com dinheiro público.
 
"Tudo vai ser entregue de mão beijada a Monsanto et caterva. Privatizar a Embrapa ou abrir o capital da empresa é mais um desses manjados argumentos de que abusam os liberais toda vez que cobiçam o naco de uma empresa pública. Mas faço fé na diretoria e nos funcionários da Embrapa", concluiu.
 

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