Sem presença de Cunha e Renan, Dilma empossa Henrique Alves no Turismo

Agência Estado
16/04/2015 às 18:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:40
 (José Cruz/Agência Brasil)

(José Cruz/Agência Brasil)

Na tentativa de reforçar a articulação política e melhorar a relação com o PMDB, a presidente Dilma Rousseff começou agradecendo Vinícius Lages, de saída do Turismo, e fez uma série de afagos ao novo ministro e ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), na solenidade de posse no Palácio do Planalto. Dilma disse que Alves sempre foi "nosso parceiro de tantas horas no Congresso Nacional", desejou-lhe muita sorte e trabalho na nova função e disse que o ministro vai ajudar a desenvolver, ainda mais, a indústria do turismo brasileiro.

A solenidade contou com a presença de ministros e parlamentares, mas teve duas ausências importantes: os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Irritado com o Palácio do Planalto por ter desalojado seu apadrinhado político, Renan decidiu nomear Vinícius Lages chefe de seu gabinete.

Cunha apadrinhou a indicação de Alves para o ministério após ele não ter entrado na lista de investigados da Operação Lava Jato. A ida de Alves - ex-deputado federal de 11 mandatos consecutivos que perdeu a eleição para o governo potiguar em outubro - visa a reforçar a atuação do governo com o Congresso. O vice-presidente e novo articulador político, Michel Temer, também é aliado de Alves.

Para Dilma, a presença de ministro no governo "reforça a nossa capacidade administrativa" e a "ação política na área do turismo", características consideradas por ela indispensáveis para o setor. A presidente disse que as primeiras palavras dela seriam de "agradecimento" a Lages. Segundo ela, nos 13 meses em que este no cargo, Lages "levou o turismo a galgar um novo patamar de qualidade".

No discurso, a presidente afirmou que, a 477 dias das Olimpíadas e a 510 dias das Paralimpíadas no Rio de Janeiro, este é um momento extraordinário para ampliar a importância do nosso país como "pátria esportiva", "de todos nós" e como "referência internacional". "Apesar da descrença de alguns, a Copa do Mundo projetou de forma muito positiva a imagem do Brasil no resto do mundo", disse.

Segundo Dilma, a Copa atraiu quase um milhão de estrangeiros para circular no país, dos quais 95% manifestaram intenção de retornar ao Brasil. "Faremos os melhores Jogos Olímpicos e Paraolímpicos dos últimos tempos", afirmou ela, ao destacar que os brasileiros vão ter a oportunidade de presenciar e assistir a um dos maiores eventos do mundo.

"Tenho certeza de que, mais uma vez, vamos saber deixar encantados os que nos visitarem na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro e todos os destinos que podem ser aproveitados a partir do Rio", afirmou. Para ela, o País mostrará que, mais uma vez, está preparado para sediar grandes eventos.

A presidente defendeu o estímulo aos brasileiros para viajarem pelo país, destacou que o Brasil está fazendo "ajustes para crescer" e que a indústria pode assumir papel mais relevante na retomada do crescimento. Ministros minimizam ausência de Renan e Cunha na posse de Henrique Alves

O vice-presidente Michel Temer e os ministros do governo tentaram minimizar o fato de os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não estarem presentes na posse do novo ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, no Planalto, na tarde desta quinta-feira, 16. Temer disse que "não crê" que Renan Calheiros esteja insatisfeito com o fato de seu afilhado político ter sido desalojado do Ministério do Turismo para dar lugar a Alves. Questionado se Renan poderia criar dificuldades para a aprovação do nome do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fachin, por causa desta insatisfação, Temer afirmou: "o Renan está acima dessas coisas".

O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, também do PMDB, tentou minimizar os problemas que Renan pode trazer ao governo. "Calma, calma. O Dr. Ulysses (Ulysses Guimarães, ex-presidente do PMDB) já dizia que, em todos os problemas que a gente tem algum trauma político, a gente tem de gastar saliva, saliva, saliva, saliva", disse Padilha. Questionado se não criava desconforto para o PMDB a ausência de Cunha e Renan na cerimônia de posse de Alves, Padilha respondeu: "Eu penso que, neste momento, é claro que é notada a ausência dos nossos dois grandes líderes da Câmara e do Senado, mas, por óbvio, eles tinham atribuições lá que, neste momento, não permitiram que eles estivessem aqui presentes". E emendou: "mas nós temos confiança de que poderemos caminhar todos juntos".
  Lembrado que essas ausências, na verdade, têm implicações políticas, Padilha desconversou: "Temos questões políticas em todos os momentos". O ministro, que também está ajudando Temer nas articulações políticas, vai auxiliar nas discussões do polêmico projeto da terceirização, na semana que vem, quando o vice-presidente estiver em viagem à Europa.
  Já o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), disse que não viu problema para o governo a ausência de Renan e Cunha na cerimônia de posse de Alves. "O governo deu posse a um grande ministro do PMDB e a nossa expectativa é de que ele possa cumprir sua missão de administrador e também sua missão política", comentou ele. Lembrado que o fato de o ex-ministro Vinícius Lages não ter ficado no Executivo parece ter desagradado Renan, Guimarães declarou: "Toda a questão da ida do ministro Henrique Alves para o Turismo foi negociada, conversada e, com certeza, deve ter tido um grande diálogo entre Renan, Henrique Alves e Michel Temer". E completou: "Não vejo problema nenhum".

http://www.estadao.com.br

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por